Todos os Sonhos do Mundo, um diário — Rascunho 2

Em um momento onde a cultura nacional sangra e que temos visto os espectadores de teatro, sobretudo, se afugentar das salas de espetáculos, fazer uma temporada de uma peça com sessões de quarta a domingo não é tarefa nada fácil. Principalmente nesta época do ano onde as pessoas já estão pensando no Natal e nas férias.

Não sou ingênuo, sabia da dificuldade e me lancei de peito aberto nessa aventura. Cheguei a contar aqui que me apresentei para três (!) espectadores nas Satyrianas. O que eu tenho procurado ultimamente é uma verdadeira interlocução entre o meu trabalho e seu público. Me interessa nesse processo a alteridade, que é um processo que nasce da exposição. É o que estou tentando fazer.

Depois de uma estreia concorrida, onde os ingressos se esgotaram, quinta e sexta-feira foram dias tranquilos. O teatro não lotou, mas o público não me decepcionou. Foram duas sessões intensas, cheias de poesia e muita emoção.

Na quinta-feira recebi o abraço de uma espectadora que queria uma dedicatória no livro da peça. Novamente trocas de intimidades. Confidenciou-me que está tratando um câncer de mama, em processo de quimioterapia. Depois de umas lágrimas e muitos sorrisos, a certeza de que o teatro movimenta encontros impressionantes. E mágicos.

Ontem, ao final da apresentação, surgiu meio na penumbra – as luzes do camarim estavam muito baixas – um conterrâneo meu, de Ribeirão Claro, lá no Paraná.

Estava com a esposa e filha. Aliás, um conterrâneo ilustre, o filósofo Oswaldo Giacóia, escritor também e professor titular do Departamento de Filosofia da Unicamp, que eu só conhecia através dos livros.

Marici Salomão, dramaturga e grande estudiosa da cena teatral contemporânea, escreveu em sua página no Facebook:

Todos os Sonhos do Mundo: alegria de ver o Ivam Cabral em pleno vôo em cena, trafegando entre binômios, como realidade x ficção, alegria x tristeza, prosa x poesia.

E a Patricia Pillar chamou seus seguidores, através dos stories de sua conta no Instagram, para assistirem a peça. Escreveu:

Alô, SP!!! Imperdível!!!

Continuo a minha caminhada. Hoje, “Todos os Sonhos do Mundo” tem sessão às 21h; amanhã, domingo, às 19h. Espero por vocês!

Ator, roteirista e cineasta. Co-fundador da Cia. Os Satyros e diretor executivo da SP Escola de Teatro.
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