Há anos sou morador do centro da cidade e costumo caminhar pelas suas ruas. Principalmente às noites, quando seu ritmo e luzes diminuem as intensidades. Aconteceu há um tempo. Três ou quatro anos atrás. Nesta época, eu vivia na Avenida São Luis e, mais ou menos umas 11 horas da noite, caminhava pela Praça da […]
Protasio Anjo do Espírito Santo, o filho da dona Liversa, e Lucinha Ziroldo que cantava vestida de Chapeuzinho Vermelho
Dizem que quando nasceu, Protasio Anjo do Espírito Santo não chorou. Ao invés disso, cantarolou. A irmã Milena, que trabalhou a vida inteira na Santa Casa de Misericórdia e que assistiu ao parto da dona Liversa, a mãe do bebê, foi testemunha: — Uma belezinha, depois de um silêncio, cantou a “Ave Maria”, de Gounod. […]
Eu, pecador
Quando eu vivia em Lisboa, amava passear por suas ruelas nos finais de tarde, principalmente no verão. O pôr do sol da cidade é das coisas mais inacreditáveis que já vi. Aliás, Lisboa é afamada por sua luz, especialmente entre primavera e verão. Nestes passeios, descobri coisas inacreditáveis, conheci pessoas incríveis e vivi situações que […]
Eu era feliz e sabia disso
Hoje tocou Piazolla no rádio. E eu me lembrei de tantas, tantas coisas. Em 1985, eu estava no primeiro ano do curso de Artes Cênicas da Fundação Teatro Guaíra e PUC/PR, em Curitiba. Naquele período, estava aprendendo muito. Havia interrompido um curso de Administração de Empresas no quarto ano, tinha 21 anos e o mundo […]
O dia que os irmãos Infâncio e Infância ameaçaram a Eunicinha, minha mãe
O Sete Voltas é exatamente a metade do caminho entre Ribeirão Claro e Jacarezinho. Zona rural, é cortado pelo rio Anhumas, nome do pássaro encantado que tem esporões nas asas e é conhecido também como unicórnio, e que a gente morria de medo deles porque corriam atrás da gente e, se pagasse, machucava feio. Parte […]
As três coisas que eu mais gosto de fazer na vida
Toda vez que listo as três coisas que mais gosto de fazer na vida, ninguém acredita. Pois agora me ocorreu contar explicando essas minhas três excentricidades. Vamos lá. No topo da lista, a coisa que mais gosto no mundo é dormir. Antes de tudo, de sexo, de comida, de tudo. Se quiserem me agradar um […]
A tia Emenegilda que fez voto de pobreza depois de descobrir que o mundo ia se acabar
Foi no dia em que eu descobri que o mundo ia se acabar que eu soube, também, que a tia Emenegilda ia fazer voto de pobreza. Ela era bem velhinha, de cabelos brancos e, por causa do sobrepeso, andava apoiada em uma bengala. Quer dizer, velhinha era o que eu pensava que ela era, porque […]
As brincadeiras dançantes na casa das Marecas
Pobre que eu era, não tinha telefone em casa, óbvio. Até porque, na minha infância, telefone era coisa de gente rica. O que, na verdade, não me impedia de receber os meus telefonemas com alguma tranquilamente. Minha casa ficava a uma quadra da delegacia da cidade e a duas do bazar do relojoeiro Fausto, casado […]
Stand by me
Não me esqueço deste dia. A gente brincava no rio do sítio do Celso Neia, devíamos ter entre sete e nove anos. Além de mim e do Celso Neia, mais uns três ou quatro coleguinhas e ele, o Mirtes. Mirtes tinha recebido este nome em homenagem à sua parteira, a dona Mirtes. Dizem que sua […]
Exagerado, eu?
Quando digo que a vida no campo é exaustiva, ninguém acredita em mim. Principalmente quando listo os meus afazeres por aqui que compreendem, além de cuidar dos nossos cães Chico e Cacilda, com vários passeios diários; os atendimentos aos pássaros, saguis, quatis, bugios, serpentes e lagartos, só para citar alguns. Porque ainda tem a Neuzinha, […]