RECONHECIMENTO | Lulu Pavarin: trabalho impecável e de rara sensibilidade

Não sei dizer ao certo quando conheci Lulu Pavarin. Mas lembro perfeitamente da primeira vez que a vi em cena, em “525 Linhas”, de Marcelo Rubens Paiva, direção de Ricardo Karmann, em 1989, o ano que mudaria definitivamente a minha vida. Neste 1989 eu deixei o Paraná, vim viver em São Paulo e, ao lado de Rodolfo García Vázquez, fundei Os Satyros, a minha companhia de teatro.

Naquele finalzinho de década e início dos anos 1990, Lulu estava iniciando sua carreira e era figura marcante nos elencos das grandes montagens do teatro paulistano. Me lembro de tê-la visto, ainda, em peças de Gabriel Vilela, Eduardo Tolentino, Plínio Marcos e Maurício Paroni de Castro. Mas, até este momento, eu via Lulu como fã, acompanhando de perto o seu trabalho.

Em seguida, fui viver na Europa e fiquei muitos anos longe de São Paulo. Retornaria em 2000, quando iniciou a nossa epopeia na Praça Roosevelt. E, alegria minha, Lulu apareceu logo nestes primeiros tempos. Assim, de lá pra cá, vi inúmeras montagens suas e, melhor, a partir deste momento, também como produtora de seus próprios trabalhos.

Lulu Pavarin, sem sombra de dúvidas, é uma das maiores atrizes de sua geração. Com um aparato técnico impressionante, transita com naturalidade no universo tragicômico, com rara inteligência cênica. Não só de repertório pessoal, mas, principalmente e sobretudo, de antena e conexão com o seu tempo. Talvez por isso, tenha se tornado, também, dramaturga, com seu excelente “Nasci para ser Miss”, de 2009.

A biografia de Lulu Pavarin se mistura com a minha, através dos inúmeros trabalhos que apresentou em nossos espaços na Praça Roosevelt. Só na Satyrianas, o festival que organizamos desde 2002, Lulu tem atuado em todas as edições, tendo sido premiada, inclusive, como nossa Personalidade do Ano, na edição de 2015.

Nos últimos anos, Lulu também tem se dedicado à formação e realizado oficinas e residências artísticas na SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, onde respondo pela direção executiva.

E atesto, sou testemunha mais que ocular: seu trabalho, impecável e de rara sensibilidade e inteligência, tem sido recebido pelas equipes docentes e discentes da instituição como importantes vetores que nos guiam em direção real às nossas comunidades – artísticas e cidadãs.

+ na foto, em destaque, Lulu Pavarin em “Como ser uma Pessoa Pior”, de 2011

Ator, roteirista e cineasta. Co-fundador da Cia. Os Satyros e diretor executivo da SP Escola de Teatro.
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