NA MÍDIA: MATURIDADE SEM RISCOS

Em seu 21º ano, Curitiba resgata diversos nomes das últimas edições do evento

por Maria Eugênia de Menezes

O Festival de Curitiba abre nesta terça-feira, 27, sua 21.ª edição. Mais importante evento do gênero no País, a mostra chega à maturidade sem desviar-se do caminho que a caracterizou ao longo das últimas décadas. E parece zelar, sobretudo, por certa constância nos nomes convocados a compor sua grade.

Como ocorre tradicionalmente, a curadoria abriu amplo espaço para produções de apelo popular do eixo Rio e São Paulo. Algum respiro foi alcançado com brechas para bons exemplares do teatro de vanguarda e pesquisa. Mas chama atenção a frequência com a qual alguns diretores e companhias frequentam o festival. Presentes na edição deste ano, eles são velhos conhecidos do público paranaense.

A dupla Charles Möeller e Claudio Botelho, que apresenta Judy Garland, Além do Arco Íris é um exemplo. Eles aparecem na grade pelo quarto ano consecutivo. O diretor Gilberto Gawronski, que esteve na cidade no ano passado com As Próximas Horas Serão Definitivas, traz desta vez dois espetáculos: Nem Um Dia se Passa Sem Notícias Suas e Ato de Comunhão. Gabriel Villela, nome que está nas origens do festival, abriu o evento do ano passado com Sua Incelença, Ricardo III. Em 2012, voltou a ser escalado para a seleção oficial com a montagem de Hécuba. Outra figura marcante da história da mostra que também está de volta é Gerald Thomas, com Gargólios. Até mesmo nomes da nova cena carioca, como Pedro Brício e Christiane Jatahy, repetem suas participações do ano passado.

Para o diretor do Festival, Leandro Knopfholz, as escolhas não denotam falta de renovação. “Não é uma fila que anda, é uma roda que se amplia. A gente tenta expandir, nunca fechar”, observa ele. Outro aspecto que ajuda a explicar a constância, segundo Knopfholz, é a relação afetiva entre certos artistas e o festival. “A gente convida, mas o espetáculo também tem que querer vir. Há grupos que têm essa relação com a gente, que fazem questão de trazer seus espetáculos para cá.”

De acordo com o diretor do festival, outro foco da seleção foram as companhias brasileiras estáveis. É assim que se poderia explicar, por exemplo, o retorno do Grupo Galpão, que em 2011 apresentou Tio Vânia e agora traz Eclipse. Da mesma forma Os Satyros, que depois de encenar O Último Stand-Up no ano passado volta com as montagens Satyros’ Satyricon e Satyros’Delírio.

Além do teatro de grupo, o festival também manteve um traço que notabilizou a última edição: a dramaturgia nacional. De acordo com Knopfholz, a questão continua na mira. Ele também ressalta que neste ano a grade preocupou-se em retratar como as produções recentes estão fazendo uso das novas tecnologias. “Seja no palco, seja nos bastidores”, comenta. Como exemplos dessa vertente, estão criações como a peça carioca Deus É Um DJ, que faz amplo uso de equipamentos como câmeras e computadores dentro da cena.

Fonte:
O Estado de S. Paulo, 27 de março de 2012

Ator, roteirista e cineasta. Co-fundador da Cia. Os Satyros e diretor executivo da SP Escola de Teatro.
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