Já devidamente consagrado e incorporado ao calendário oficial de São Paulo, o festival Satyrianas começa amanhã, ocupando os teatros da praça Roosevelt e outros 20 espalhados pela cidade. A proposta é oferecer uma programação de teatro, dança e literatura por 78 horas ininterruptas. Aproximadamente 150 peças serão encenadas durante a maratona cultural, que se estende até segunda-feira. Em sua 12ª edição, a premissa dos preços dos ingressos é a mesma: cada espectador paga o quanto puder ou quiser pelas atrações que assistir.
Neste ano, o evento presta uma homenagem aos artistas Lavínia Pannunzio, Bosco Brasil, Jairo Mattos, Ariela Goldmann e Luis Frugoli, criadores do Teatro de Câmara de São Paulo, que abriu as cortinas pela primeira vez em 1995. Foi a chegada do grupo que deu início à tomada da praça pelos grupos teatrais. O Satyrianas começa com show da Banda Frei Monte Alverne, e na sequência com grupo de taiko (tambor japonês), em frente ao Espaço Satyros I. Neste ano, a ideia dos organizadores é concentrar as atrações no entorno da praça, como explica um dos fundadores dos Satyros, Rodolfo García Vázquez. “Resolvemos voltar às origens e fazer uma coisa diferenciada, e um desafio para os artistas”, diz.
Assim, além de projetos que fizeram sucesso em edições passadas como o Dramamix – que leva aos palcos 30 textos inéditos assinados por dramaturgos convidados –, foram concebidas três atividades diferentes. Com uma proposta excêntrica, AutoPeças cria cenas apresentadas dentro de 20 carros. “A ideia nasceu durante a pesquisa do nosso último espetáculo, Cabaret Stravaganza, com foco na cidade”, lembra Ivam Cabral, outro fundador do grupo. Autores criaram textos curtos que são interpretados por grupos de até quatro atores. “Algumas peças são apresentadas em carros parados, outras ocorrem em percursos pela cidade”, explica Cabral.
Outro projeto que visa a mobilidade da plateia é o Passeio de Bicicletas. Para participar, o espectador deve ir de bicicleta até a região da praça. O grupo vai pedalar pelo centro, com paradas para encenações. Por fim, outra novidade é a divisão Satyrianinhas, com programação especial para as crianças, como A Pequena Sereia, de Vladimir Capella.
Realizado anteriormente, o projeto Ouvi Contar ganhou força. Parceria dos Satyros e da SP Escola de Teatro, realiza leituras dramáticas em casas e apartamentos nos arredores.
O encerramento do festival, segunda-feira, começa com Eu Cão Eu. O texto de Hugo Possolo será apresentado pelo ator Gustavo Machado, dirigido por Rodolfo García Vázquez. Na sequência, será prestada uma homenagem aos desbravadores da praça Roosevelt. Vázquez lembra como tudo começou. “Em 1990, caiu na mão do Ivam (Cabral) uma agenda com nomes como Hebe Camargo e Roberto Marinho.
Ele começou a passar trotes e teve a ideia do festival”, diz. Cabral se explica. “Liguei para a Vanusa e a convidei para cantar por 24 horas no centro. Ela topou. Quando desliguei, pensei: vou criar um evento cultural assim”, afirma. Quem diria que um trote iria tão longe.
Festival de teatro Satyrianas
Praça Roosevelt e mais 20 teatros da cidade. De amanhã, às 18h, até segunda-feira, às 23h.
Ingresso: pague quanto puder.
A classificação etária varia de acordo com a atividade.
Programação completa: www.satyros.com.br
Fonte: Maiara Camargo, Jornal da Tarde, 10 de novembro de 2011