CRÍTICA: SATYRIANAS, 78 HORAS EM 78 MINUTOS

Raíssa Peniche em cena do filme (foto: divulgação)

Por Rubens Ewald Filho

Há poucos mais de um ano eu fui chamado pelos produtores/diretores deste documentário com um convite de fazer uma participação como eu mesmo no que seria um registro (já feito e que estava sendo montado) sobre a grande festa cultural das Satyrianas. Um depoimento meu ajudaria na edição. Como era brincando com minha imagem e sempre sou adepto de satirizar a mim mesmo (tenho evitado fazer papeis de outras pessoas porque as pessoas simplesmente não acreditam em mim interpretando outro!), topei e fui ver ontem o resultado. Minha aparição é bem no começo, muito bem fotografada e comigo dizendo coisas intrigantes (um mistério que até o final não é totalmente desvendado, eu forneço pistas cinéfilas que podem ajudar ou confundir. Mais não digo).

Gostei do resulto, o filme é muito bem editado, bem humorado, criativo e vai interessar muito a quem for do teatro ou do ramo. E até divertir. Não é provável que atinja o grande publico, mas não era essa mesma a intenção. Com certeza foge da mesmice e preguiça que geralmente corrompe o gênero brasileiro. Com certeza vocês já ouviram falar da festa das Satyrianas, quando durante três dias e pico acontecem eventos teatros, baseado no teatro dos Satyros na Praça Roosevelt. Nestes últimos anos eu dirigi duas peças associado a eles e foi um trabalho muito feliz, que me fez ter muito carinho e admiração pelo Ivam Cabral e o Rodolfo (e não quero esquecer a Phaedra de Cordoba que já conhecia inclusive antes dela se integrar ao grupo).

O documentário relata como um produtor nacional contrata um diretor americano famoso, mas deixa esse Jeff Luna (o tal diretor) sem estrutura, com uma atriz imposto pela produção, uma tradutora que não sabe falar inglês, fotógrafo que vive disputando com ele e uma São Paulo de congestionamentos e desfiles, discurso de José Celso (Oficina) e aparições de gente famosa da Praça.

Não quero falar muito do conteúdo, mas ele é bem dosado, cuidado, porém porque não é muito para ser levado a sério. Não me lembro de um registro de um evento semelhante que seja tão original e fácil de ver. Ah, quase que esquecia, quem rouba o filme é quase no final, uma aparição de Ivam Cabral, aparenta estar meio bêbado, mas que dá um show de timing e interpretação. Sensacional.

Fonte: R7, 23 de outubro de 2012

Ator, roteirista e cineasta. Co-fundador da Cia. Os Satyros e diretor executivo da SP Escola de Teatro.
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