A inquietação poética de um é a base do espetáculo, enquanto a decodificação do outro faz a palavra ganhar corpo. Quais serão os dramaturgos e diretores dosDestaques 2011 do Caderno Teatral? Descubra agora.
por Lucianno Maza
São Paulo
Os destaques de 2011 em dramaturgia:
Gustavo Colombini por “O Silêncio Depois da Chuva”
O Núcleo de Dramaturgia do SESI lançou mais um autor de qualidade: Gustavo Colombini, que estreou obra com rupturas dialógicas, domínio estrutural e estilo lapidado. Em colaboração com o diretor Leonardo Moreira, a história sobre os tempos e sentimentos áridos de uma família que, ironicamente, espera a chuva passar, tem resultado forte.
Maria Shu por “Cabaret Stravaganza”
A dramaturga Maria Shu contribuiu decisivamente para a qualidade final do espetáculo do grupo Os Satyros com uma identidade poética que impregna cenas tão distantes em temas e formatos. O texto se sobressai na bela sequência da mulher que enxuga gelo, quando traça um mapa de computadores e usuários e ainda na videoperformance com a atriz Julia Bobrow.
Roberto Alvim por “Pinokio”
A importância desse texto do autor e pesquisador Roberto Alvim se estende para a História se o pensarmos como marco zero das instigantes Dramáticas do Transumano que têm se formado no Brasil. Quebrando dogmas repressores da dramaturgia, o texto ultrapassa o Homem tal como conhecido, para expandir a percepção de mundo.
Suzy Lins de Almeida por “Meire Love – Uma Tragédia Lúdica”
O cearense Grupo Bagaceira de Teatro trouxe ao Centro Cultural São Paulo, em curtíssima temporada, o texto de Suzy Lins de Almeida. Trabalhando com elementos da dramaturgia trágica, a autora surpreendeu ao alcançar precisamente o delicado equilíbrio entre o humor e a reflexão de uma dura realidade brasileira, de forma nada maniqueísta.
Os destaques de 2011 em direção:
Márcio Abreu por “Oxigênio”
À frente da Cia. Brasileira de Teatro, de Curitiba, Márcio Abreu deu roupagem de show de rock ao texto do autor russo contemporâneo Ivan Viripaev. Aproveitando ao máximo a força do discurso – chegando quase ao seu limite do suportável – e a musicalidade que a dramaturgia propõe, o diretor concebeu uma encenação poderosa.
Nelson Baskerville por “Luis Antonio – Gabriela”
Mais do que diretor, personagem biográfico desse teatro documentário, Nelson Baskerville optou por acionar mecanismos do teatro pós-dramático na montagem. Criativo em profusão, ele levou para cena sua dramaturgia fragmentada, com distanciamento e recursos diversos que negavam qualquer ilusão de realismo.
Roberto Alvim por “Pinokio”
Perseguindo uma linguagem dramática em plena ebulição, Roberto Alvim avançou no radicalismo formal que o Club Noir tem como marca. A partir dessa montagem, fundiu irremediavelmente sua estética a uma nova possibilidade de dramaturgia, o que resulta em encenação que destabiliza a compreensão condicionada da natureza humana.
Rodolfo García Vázquez por “Cabaret Stravaganza”
Experimentando múltiplas linguagens, Rodolfo García Vázquez encenou com vigor a vida contemporânea e tecnologia a partir de manifestações culturais diversas. Entre elas, os festivais da Era Vitoriana, o cabaré, a performance e seus desdobramentos, a instalação audiovisual e o diálogo artístico com meios de comunicação, em especial a internet.
Fonte: Caderno Teatral, dezembro de 2011