SP ESCOLA DE TEATRO

por Maria Eugênia de Menezes

A inauguração já faz um ano, mas a mudança ainda não aconteceu.

Em 30 de dezembro de 2010,ogoverno do Estado entregou a nova sede da SP Escola de Teatro, na Praça Roosevelt. Na ocasião, o então governador Alberto Goldman e o secretário de Cultura Andrea Matarazzo fizeram os discursos de praxe e prometeram a transferência da instituição para dali a dois meses.

Até hoje, contudo, o prédio de 11 andares e 1.700 m² permanecevazio.

A obra consumiu cerca de R$ 4,2 milhões. E a escola continua funcionando naquela que seria sua sede provisória, no Brás. “Foram necessários alguns ajustes na obra, além da compra de equipamentos e mobiliário apropriado”, argumenta Matarazzo, justificando o atraso na mudança. “Após essa fase, optamos por não interromper o ano letivo com o deslocamento para outro prédio, o que poderia ser ruim do ponto de vista pedagógico.” De acordo com o secretário, o novo espaço deve começar a ser ocupado em fevereiro de 2012.

Mas os planos para o futuro Centro de Formação das Artes do Palco diferem daqueles anunciados no ano passado.

Agora, o edifício na Praça Roosevelt não deve abrigar todas as atividades da escola, mas apenas uma parcela delas. Ivam Cabral, diretor executivo da São Paulo Escola de Teatro, explica que parte das aulas será mantida no Brás, na Oficina Cultural Amácio Mazzaroppi.

Com estrutura mais moderna, o prédio da praça Roosevelt deve abrigar a administração, auditório e biblioteca. Além disso, vai receber os cursos de extensão e algumas das atividades dos cursos regulares. Segundo Cabral, que é também um dos fundadores do tradicional grupo Os Satyros, os alunos deverão se dividir entre os dois espaços.“ Achamos que seria estratégico ter dois braços”, comenta.

“O Brás é a porta de entrada para a zona leste.” O diretor crê que a permanência da SP Escola de Teatro seja benéfica para o bairro, que poderia passar por um “renascimento” similar àquele experimentado pela Praça Roosevelt. Há cerca de dez anos, a presença de grupos teatrais, como o Satyros e os Parlapatões, conseguiu revitalizar a região degradada.

Para o secretário Andrea Matarazzo, a realização das atividades em dois espaços pode ampliar o alcance da escola. “A decisão acompanha o objetivo da secretaria de levar cultura a quem não tem acesso, pela distância ou por dificuldades financeiras”, diz ele. “Já há uma concentração de oferta cultural no centro de São Paulo. Entendemos que a unidade do Brás leva cultura a uma região que tinha necessidade de mais atividades culturais.” Mesmo com os planos de expansão, o orçamento da escola em 2012 deve permanecer igual ao deste ano: R$ 10 milhões. Em 2010, o governo destinou R$ 8 milhões à iniciativa.

Circula nos bastidores a versão de que a sede na Praça Roosevelt teria sido projetada com um tamanho a quém das necessidades da instituição. Porém, nem o diretor da escola nem o secretário de Cultura confirmam a história. “O prédio já existia antes da criação da SP Escola de Teatro. Portanto, não foi projetado com esse objetivo, e sim adaptado para recebê-la”, argumenta Matarazzo.

Criada em 2009, a escola forma nesta semana a sua primeira turma. São 120 alunos, que concluíram um ciclo de quatro etapas, em oito cursos diferentes: atuação, cenografia e figurino, direção, dramaturgia, iluminação, técnicas de palco, sonoplastia e humor. Além dos módulos regulares, a escola também oferece 26 cursos de difusão cultural voltados às artes cênicas.

Um seminário internacional de teatro marca a formatura da primeira turma. Hoje, o renomado diretor italiano Eugenio Barba, fundador do OdinTeatre, fala aos alunos. A programação também inclui uma master class do dinamarquês Jan Ferslev, além de um evento com ensaios e leituras dramáticas.

A ideia de criação da escola surgiu em 2005. Quando prefeito de SãoPaulo, José Serra aproximou- se dos Satyros e propôs ao grupo que concebesse o projeto de uma escola que ocupasse um prédio abandonado na Praça Roosevelt. Com a eleição de Serra para governador, a ideia acabou transferida para a esfera estadual. À época,o projeto recebeu críticas do meio teatral, que não foi consultado.

ESCOLA LANÇA SUA PRIMEIRA REVISTA

Além de formar a sua primeira turma, a SP Escola de Teatro está lançando a sua primeira revista.

Criada para ser uma publicação semestral, A(L)BERTO pretende ser uma extensão do projeto pedagógico da instituição.

Neste número inaugural, tematiza- se a função do ator. A questão merece 4 artigos além de debate conduzido por Francisco Medeiros, Luís Mármora e Luiz Paëtow. O crítico Alberto Guzik (1944-2010), que inspira o título da revista, também merece atenção especial. A cargo da coordenação editorial, Silvana Garcia selecionou três críticas de Guzik, que foi colaborador do Jornal da Tarde e do ‘Estado’.As obras de Luís Alberto de Abreu são analisadas em artigo de Claudia Maria de Vasconcellos.

Já na seção Ensaio Geral, apresenta- se seleta de textos de profissionais de diferentes áreas do teatro: o iluminador Guilherme Bonfanti, a dramaturga Marici Salomão e o músico Martin Eikemeier falam sobre seus ofícios.

Fonte: O Estado de S.Paulo, 15 de dezembro de 2011

Ator, roteirista e cineasta. Co-fundador da Cia. Os Satyros e diretor executivo da SP Escola de Teatro.
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