Rapidinhas: Crítica mundial aclama peça brasileira do Satyros The Art of Facing Fear

Por Miguel Arcanjo Prado

Mídia mundial

A Cia. de Teatro Os Satyros faz um feito para o teatro brasileiro no mundo. A imprensa internacional aclamou nesta semana a estreia de The Art of Facing Fear, versão globalizada de A Arte de Encarar o Medo, peça de Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez indicada ao Prêmio Arcanjo de Cultura. Os dois colocaram o Brasil na vanguarda do teatro digital no planeta. Isso é fato incontestável.

Intercontinental

The Art of Facing Fear, peça que o Satyros produz com o grupo sueco Darling Desesperados e que conta com atores de três diferentes continentes, África, América do Sul e Europa, tem sido elogiada por críticos de diversos países. O The Journal, do Reino Unido, deu matéria de página inteira de caderno cultural para o espetáculo com a seguinte manchete: “Um novo tipo de teatro surge com força”, colocando a produção internacional da peça brasileira entre as mais importantes novidades cênicas digitais do mundo. E é.

 

Técnica impressiona

A crítica Loretto Villalobos, do jornal sueco Expressen, destaca que The Art of Facing Fear “é um projeto gigantesco com atores de quase 12 países” e diz que trata-se de um marco “das artes cênicas digitais sobre o mundo durante a pandemia”. Ela ainda elogiou a qualidade técnica: “As artes performáticas em videoconferência estão em sua infância, é claro. Ainda assim, é impressionante como a equipe técnica uniu de maneira tão perfeita os vários componentes som, imagem e atores”, pontuou. Turma esperta.

Repercussão africana

Na África, não é diferente. The Art of Facing Fear arrancou elogios do crítico Pelu Awofeso, do The Daily Report, importante jornal da Nigéria. Ele diz: “Sentado no meu apartamento em Lagos ontem à noite, assisti uma peça no meu telefone, mas parecia que eu estava assistindo um filme no cinema. Foi esse o meu pensamento depois de ver The Art of Facing Fear, a peça digital inspirada na Covid-19, desenvolvida pelo brasileiro Os Satyros, que estreou no país sul-americano em junho passado. Agora, apresenta um elenco transnacional de nove países, 11 companhias de teatro operando em três continentes”. Falou e disse.

Acadêmico nos EUA

The Art of Facing Fear também ganhou elogios acadêmicos nos Estados Unidos. Kole Odutola, doutor do Centro de Estudos Africanos da Universidade da Florida e prestigiado professor de Língua e Cultura Yorubá, disse o seguinte sobre a montagem afro-europeia do Satyros, onde representatividade negra não falta. ¨Há uma frase no texto que me tocou profundamente: o vírus está vivo, mas não é a vida”. Ele tem razão.

É ou não é?

Enquanto o mundo aplaude a iniciativa de teatro digital do Satyros, aqui no Brasil, infelizmente, o novo modelo cênico ainda recebe alfinetadas de nomes conservadores do pensamento teatral. Nesta semana, o diretor Rodolfo García Vázquez tocou no assunto em sua rede social sem rodeios: “Sabe o que eu acho sobre as pessoas que criticam o teatro digital? Acho que elas falam de um lugar absolutamente privilegiado e preconceituoso”, declarou. “São pessoas informadas, moram em metrópoles caras, podem acessar teatros em alguns minutos e encontrar-se com uma comunidade cultural grande e diversificada. Muitas vezes, pagam bilhetes caros, estacionamento, etc.”, recordou. É isso aí.

Futuro é logo ali

Rodolfo García Vázquez continua seu pensamento: “Mas, o teatro digital será (em poucos anos) o mais democrático dos teatros. Agora ainda temos certa limitação informacional (o acesso à internet ainda não é amplamente democrático), mas isso fatalmente vai ocorrer. O teatro digital já está chegando a pessoas apaixonadas por teatro que vivem em cidades afastadas dos grandes centros, nos rincões do país, a pessoas que estão longe do país e que amam nosso teatro, a artistas estrangeiros, a pessoas internadas em hospitais ou com limitações de locomoção”. Por que será que diversidade e acessibilidade ainda incomodam tanto a elite teatral?

Cabeça aberta

“O teatro digital pode causar grandes experiências estéticas”, pontua Rodolfo García Vázquez. “Basta você esquecer dos preconceitos e se abrir para ele. Durante a história da humanidade, o teatro sempre foi invadindo os espaços onde não era bem vindo. O teatro chegou às escolas, aos presídios, aos hospitais, aos shopping centers. Agora o teatro chegou à internet. O mundo digital agradece a invasão teatral”, conclui o diretor do Satyros. Agradece mesmo.

Opinião

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Despudoramento necessário e exemplar”. Esta é a opinião do professor doutor Alexandre Mate, da Unesp, especialista em teatro de grupo, sobre Todos os Sonhos do Mundo, solo de Ivam Cabral sob direção de Rodolfo García Vázquez. A peça foi a primeira a entrar em cartaz de forma digital, em 20 de março de 2020, quando Ivam se tornou o primeiro ator do teatro digital no mundo. E voltou com novidades digitais. Histórica.

 

Fonte: Blog do Arcanjo

Ator, roteirista e cineasta. Co-fundador da Cia. Os Satyros e diretor executivo da SP Escola de Teatro.
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