OPINIÃO | The Art of Facing Fear World United

por José Cetra

Em julho de 2020 eu intitulei a matéria que escrevi sobre A Arte de Encarar o Medo (primeira incursão d’Os Satyros no teatro digital) de “Quem tem medo do Sympla e do Zoom?”. Menos de um ano depois passou o medo de acessar esses endereços, mas o medo dessa pandemia e do nosso futuro continuam mais presentes do que nunca.

Nesse curto período de tempo o grupo liderado pelos incansáveis Rodolfo García Vázquez e Ivam Cabral foi o que mais investiu no teatro digital e nos ofereceu vários espetáculos muito bem realizados que culminou com o belo e instigante Uma Peça Para Salvar o Mundo que provocava uma sensação coletiva de esperança e respirava humanidade.

Depois das versões afro-europeia e norte-americana, chegou a vez de uma A Arte de Encarar o Medointernacional. A montagem segundo o diretor García Vázquez: “mantém seu mote original, mas será renovada em função das múltiplas nacionalidades do elenco e também da passagem do tempo entre a primeira estreia e os dias de hoje”.

O depoimento emocionado de Ivam Cabral na abertura do espetáculo ressaltou a importância do teatro digital nestes tristes tempos pandêmicos que parece que estão longe de acabar e comentou detalhes da realização desta versão internacional.

Após a fala de Ivam, a ficha técnica é apresentada sobre imagens de cidades vazias e a seguir 27 atrizes e atores dos mais diversos países do planeta encarregam-se de forma apaixonada de dar vida ao texto elaborado por Ivam e Rodolfo falando ora em sua língua nativa e ora em inglês.

A tônica é o medo que toma conta da humanidade nestes tempos sombrios, mas sempre há esperança e uma luz no fim do túnel e estes sentimentos são embalados, nada mais nada menos, do que pela marchinha de carnaval As Águas Vão Rolar cantarolada pela intérprete alemã e depois tocada ao acordeom pela atriz inglesa em um dos momentos mais tocantes do espetáculo. Trechos de Saudação à Primavera de Cecília Meirelles e a canção What a Wonderful World encerram com otimismo esse tocante espetáculo estampando o sorriso de uma menina brasileira integrante do elenco.

Fonte: Palco Paulistano

Ator, roteirista e cineasta. Co-fundador da Cia. Os Satyros e diretor executivo da SP Escola de Teatro.
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