Das redes sociais todas, o Tik Tok é o mais popular no sentido mais amplo da palavra. Suas grandes estrelas vêm do povo. A moça banguela do interior do Paraná chegou recentemente a marca de um milhão de seguidores; o casal que vive no interior de Minas Gerais, mostrando o seu dia a dia no campo, tem mais de 500 mil seguidores. Estou por lá há poucos meses e tenho me divertido com as histórias do pessoal, muitas vezes surpreendentes. Mas o Tik Tok é essencialmente um lugar para o cômico, sem muito espaço para as reflexões.
Ontem, enquanto me preparava para entrar em cena em Todo os Sonhos do Mundo, me ocorreu transmitir a peça em live pelo Tik Tok. Provavelmente devo ter sido o primeiro cidadão no mundo inteirinho a cometer tal heresia, rs. E assim foi feito. Cerca de 95 pessoas passaram pela minha live e é provável que tenha sido assistida na íntegra por 5 ou 6 pessoas. Recebi até patrocínio! Calma, tenho que explicar isso.
O Tik Tok tem um esquema curioso de operação. Você carrega um valor qualquer, via cartão de crédito, e isso te dá a possibilidade de “patrocinar” os perfis que estão fazendo lives. Você pode oferecer este patrocínio através de presentes como cafés, coxinhas, corações, beijos e até anéis de diamantes. Cada um desses mimos tem um valor específico e a pessoa os recebe em crédito em uma conta criada no PayPal. A retirada só acontece quando a soma chega a 50 dólares. Muita gente vem ganhando (bastante) dinheiro na rede. Tenho um amigo ator que tem tirado em média R$ 5 mil por mês, nos últimos três meses. Eu, ontem, ganhei 10 anéis de diamantes, o que equivale a exatos U$ 0,05.
Mas a minha intenção de ontem não era ganhar dinheiro no Tik Tok. Antes, uma experiência para ver o que este mundão digital tem a oferecer a um pobre ator, ansioso para exercer o seu ofício nestes tempos tão difíceis de isolamento. E não é que eu achei divertido?
