Eu conheci o Rodolfo 32 anos atrás. Sempre estivemos juntos em tudo. Mas passamos, também, muito tempo nos dividindo em mais de um endereço. Tivemos apartamentos em Lisboa e Curitiba, ao mesmo tempo. Em Berlim, Curitiba e São Paulo, também. Em Curitiba e São Paulo, noutras épocas.
Nos últimos tempos, Rodolfo começou a coordenar a MT Escola de Teatro, em Mato Grosso. Então, suas viagens a Cuiabá sempre foram muito frequentes.
Rodolfo também dá muita aula fora do Brasil. É professor convidado da Escola de Teatro e Cinema de Estocolmo, na Suécia; e da Escola de Teatro de Helsinque, na Finlândia. Ultimamente começou a orientar alunos de mestrado e sua primeira orientanda vive na Islândia.
O cara tem uma inteligência bem acima da média. Fala um monte de línguas. Espanhol é sua língua materna. Depois veio o inglês, o francês, o italiano. Aprendeu alemão num desses livros “Aprenda Alemão sem Mestre em 30 Dias”. É tão maluco que foi convidado para um seminário super importante em uma universidade na Alemanha, que acontecerá no segundo semestre, e cismou que vai apresentar o seu trabalho em alemão. Apesar de falar razoavelmente bem, retomou seus estudos da língua com um professor particular, nos últimos dias.
Pensa em uma pessoa generosa. É o Rodolfo. Porque está sempre de braços abertos para acolher, para conversar, para pegar no colo. É o maior mão aberta do mundo inteirinho. Para ele, sempre cabe mais um no Satyros, em suas aulas na SP Escola de Teatro e em casa. Sim, de vez em quando aparece um agregado que mora em casa por um tempo.
Viver com o Rodolfo é conviver com alegria o tempo todo. Mas, tendo que conviver com um ser deprimido, aprendeu, há mais de 30 anos, que não se pode colocar uma música da Billie Holiday de manhã porque Billie Holiday não combina com amanheceres. Nem Celia Cruz, que ele também adora. Porque em casa decidi: a rumba é animada demais para o despertar de almas tristes. Billie Holiday fica bem nas madrugadas, e Celia Cruz nos entardeceres e ponto final!
Rodolfo ama Bach, adora filosofia e fez Ciências Sociais na USP, além de Administração de Empresas na FGV. Atualmente é doutorando da ECA/USP e está sendo orientado pelo Ferdinando Martins.
Eu conheci o Rodolfo 32 anos atrás e, como disse, embora a gente sempre estivesse junto em tudo, passamos muito tempo nos dividindo em mais de um endereço. Mas agora com o isolamento social, nos grudamos como goma mascada, 24 horas por dia, quase 365 dias sem um sair do lado do outro. E sabem o que aconteceu? Nenhuma briga, nenhum atrito, nenhum desentendimento. Hoje, nós dois, somos a personificação do amor. E eu sou grato por este amor.