Fenômenos típicos das sociedades pós-industriais mais abastadas, o teatro feminista, o teatro homossexual (em menor escala) e o teatro de minorias raciais e sociais não se estabeleceram definitivamente no cenário teatral brasileiro.
Esse fato se deve muito mais a um grande atraso da sociedade brasileira na mobilização referente à questão dos direitos humanos do que propriamente à falta de um público específico ou de grupos que discutam a questão.
Essas novas manifestações teatrais típicas da pós-modernidade estão profundamente baseadas na “descentralização do sujeito”, verificada nos dias de hoje. O “eu” masculino, branco e heterossexual não é mais o único determinante do discurso da dramaturgia contemporânea dos principais polos teatrais da Europa e dos Estados Unidos.
No Brasil, algumas experiências de teatro homossexual vêm sendo realizadas. Em São Paulo, com Vange Leonel, Mário Viana e Sérgio Roveri na dramaturgia. No Rio de Janeiro, com Gilberto Gawronski. Curitiba tem o diretor teatral Cesar Almeida, cuja companhia, Rainha de Duas Cabeças, dedica-se a uma dramaturgia gay, tendo inclusive encenado emblematicamente o texto “Eduardo II”, de Marlowe, ainda no início dos anos 1990.
A falta de um teatro de expressão afro-brasileira, que já havia existido ainda nos anos 1940 e 1950 e que havia dado espaço a uma atriz do quilate de Ruth de Souza, demonstra não apenas o profundo abismo social herdado da escravidão e que inviabilizou a ascensão social do negro na sociedade brasileira, mas o caráter elitista do nosso teatro e as limitações que esse teatro impõe ao público de renda mais baixa.
Logo, essa diversidade de pontos de vista e de “eus” pós-modernos ainda não se impôs nos palcos brasileiros, por não encontrar respaldo em um desenvolvimento da sociedade. O pós-modernismo no teatro limita-se a uma classe média intelectualizada, tanto no que se refere ao público quanto no que se refere aos artistas que a formam.
Alguns dos eixos da política cultural de cidades como São Paulo e a polêmica contrapartida social exigida pelos editais evidenciam essa esquizofrenia latente da cultura nacional. E algumas das ofertas de contraproposta social exigidas das companhias teatrais apenas evidenciam esse descompasso de linguagens e códigos dentro da sociedade brasileira.
A evolução do capitalismo tardio determinou um novo momento econômico, social e cultural, que vem afetando a produção teatral contemporânea. Perceber as influências desse novo momento histórico contribui para a melhor compreensão dos caminhos seguidos pela produção teatral brasileira e suas particularidades.
O debate sobre a pós-modernidade, iniciado no final dos anos 1970 no eixo Europa Ocidental-Estados Unidos, teve impacto reduzido sobre a discussão teórica, crítica e de produção do teatro alternativo. No entanto, isso não significa que não possamos observar profundas transformações na forma de fazer teatro e nas estéticas em voga.