Companhia Os Satyros fecha sala de teatro no centro de SP em meio à pandemia

Ivam Cabral, cofundador do grupo, anunciou nas redes sociais que espaço não voltará a operar

por Leonardo Sanchez

SÃO PAULO – Diante da atual pandemia de coronavírus e do isolamento social provocado por ela, a companhia de teatro Os Satyros anunciou o fechamento de um de seus espaços no centro de São Paulo.

Em publicação nas redes sociais, o cofundador do grupo, Ivam Cabral, disse que o Estação Satyros, na praça Franklin Roosevelt, não deve reabrir quando a quarentena acabar.

“A notícia triste veio junto com uma pandemia”, escreveu. “Desde março não temos mais o Estação Satyros. Quinze anos durou a nossa aventura no número 134 da praça Roosevelt. Tantas histórias, tantos sonhos, tanta alegria.”

A companhia administra uma outra sala teatral na mesma praça, o Espaço dos Satyros Um, no número 214. Esta foi inaugurada em 2000 como a sede paulistana dos Satyros.

Em entrevista à reportagem, Cabral afirmou que, por enquanto, não há motivo para preocupação com o Espaço dos Satyros Um. Mas reforçou que não tem sido fácil manter o endereço durante a pandemia.

“Nos últimos tempos temos trabalhado muito só para manter os aluguéis. Tem sido uma barra”, diz. “Não fecharíamos o Estação Satyros se não tivéssemos encontrado esta pandemia pelo caminho. Mas se tornou absolutamente inviável pensar em qualquer ação para a manutenção do espaço.”

O aluguel do Estação Satyros é de cerca de R$ 12 mil, bem acima dos R$ 8.000 desembolsados mensalmente para o Espaço dos Satyros Um. Sem receita da venda de ingressos ou de patrocinadores, Cabral e Rodolfo García Vázquez, também fundador da companhia, precisam recorrer às próprias economias —o que acontece com frequência, mas se agravou durante a Covid-19.

A expectativa agora é para a reabertura da sede na praça Roosevelt, embora Cabral já adiante que isso ainda deve demorar. “Não acreditamos que vá ocorrer este ano. Com sorte, em 2021.”

Para manter a companhia até lá, Cabral e Vázquez estão bolando alternativas. A ideia principal é desenvolver uma plataforma para apresentar espetáculos pela internet, com ingressos cujo valor ajudará no pagamento do aluguel da sala que restou.

A partir da semana que vem, os artistas da companhia começam a ensaiar peças que serão encenadas por meio de um aplicativo de videoconferência.

Fonte: Folha de S.Paulo

Ator, roteirista e cineasta. Co-fundador da Cia. Os Satyros e diretor executivo da SP Escola de Teatro.
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