Estou em Buenos Aires. Vim assistir ao espetáculo “Hombre Vertiente”, do grupo Ojala. A estada é curta, na quinta-feira já estou de volta a São Paulo.
A Argentina é uma terra linda e acolhedora. Conheço de longa data a cidade de Buenos Aires, mas não a visito tanto quanto gostaria. Mais curioso é que hoje em dia, visitar os países do nosso continente está cada vez mais fácil. Agora, por outro lado, vamos ficando, culturalmente, cada vez mais distantes da latino-américa.
Os argentinos têm uma ligação e um conhecimento muito amplo do nosso País: conhecem nossa música, literatura, nossas telenovelas e nossas praias. Já nós, sabemos pouco da cultura patagã – isto é, se você for descolado, talvez saiba um pouco da produção cinematográfica e tenha alguma ideia de uma boa vinícula.
O mesmo acontece com toda a América do Sul. Os países ao redor do Brasil se preocupam em conhecer nossa cultura, porém, nós não lhes dedicamos a mesma atenção. Querem um exemplo? Tentem puxar pela memória o nome de um artista plástico paraguaio ou boliviano. Conseguiria de pronto citar ao menos um?
Um evento que acontece no Memorial da América Latina tenta reverter essa situação no Brasil, pelo menos no que diz respeito à parte musical. A série Conexão Latina foi criada justamente para incrementar esse intercâmbio, colocando no mesmo palco músicos hermanos e artistas de diversas regiões brasileiras. O encontro mostra que as origens são comuns – as cordas ibéricas, o ritmo africano, os cantos indígenas, a influência do jazz.
O pernambucano Dominguinhos se conectou ao grupo Raíces de América, por exemplo; o carioca Ulisses Rocha ao mestre argentino Atílio Stampone; o grupo paulista Karnak aos jovens tangueiros do De Puro Guapos; o paulista Germano Mathias ao cubano Fernando Ferrer; o grupo chileno Illapu à dupla gaúcha Kleiton e Kledir; Toquinho à peruana Adriana Mezzadri; e o paraguaio Rolando Chaparro ao gaúcho Renato Borghetti, entre outros.
É um trabalho que vale a pena conferir.