Atentado

Eu nunca vou entender o ódio. Não é um sentimento que eu conheça. Porque eu acho que, honestamente, nunca odiei alguém ou alguma coisa.

Não gosto de muitas coisas, algumas me incomodam, outras me causam desconforto e até repugnância; indignação, muitas vezes.  Mas ódio mesmo, acho que nunca senti.

Acho que é o ódio que faz com que uma pessoa mate a outra. E foi porque pensei nisso, agora há pouco, que senti um arrepio que me atravessou a coluna toda.

Recebi do Facebook um e-mail que me entristeceu. A respeito de uma denúncia que fizeram contra mim. Explico.

Eu tinha dois perfis naquela rede social. Me lembro que criei o segundo, lá atrás,  para receber os estudantes da SP Escola de Teatro e também o público do Satyros. Queria uma conexão direta com essas pessoas.

Tudo corria bem até que no início de dezembro este perfil de número dois, misteriosamente, saiu do ar. Não entendi nada e enviei uma mensagem ao Facebook que me respondeu, há poucos dias, dizendo que eu havia sido denunciado porque fraudara algumas normas e regras da empresa.

Quis saber mais, afinal, quais regras eu teria tapeado? Fiquei  sabendo há pouco: é proibido ter dois perfis pessoais, do mesmo usuário, na rede.

É como se tivessem me assassinado. O esquema, aliás, é exatamente o mesmo: você extermina o que odeia ou te incomoda. Daí, toda consequência que algo assim gera é, também, muito parecida com a da morte.

Não deu tempo pra despedidas, nem pra explicações. Num sopro você some e todas as conexões que haviam sido travadas até ali, desaparecem com você.

Mas não é a sensação da morte que me incomoda. O que me deixa arrepiado mesmo é pensar que alguém quer o seu desterro. É o mais próximo que encontrei para entender o ódio, esse sentimento que eu nunca tive. Ainda bem.