CRÍTICA | A Arte de Encarar o Mundo, por Alexandre Mate

É um domingo muito cinza, pelo menos aqui, na baixada santista, em Santos. Meio frio. Assisti a obra e agradeço bastante. Diria, assim, trata-se da estetização de uma forma em estado manifesto. Talvez este pudesse ser o título.

As paredes na obra se quebraram. Tentativas de comunicação, depois de tantos e incontáveis anos de um mundo em processo de dissolvência. Chamamento de gentes presentes e ausentes, esquecidas, distantes, próximas… Início de quem sabe, talvez, uma polifonia interdita.

Evocando Drummond, “provisoriamente não cantaremos o amor […] cantaremos apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro”.

Heterotopias em junção [des] aqui, [des] agoras, próximos em revista aos tempos de total alteridade: o outro precisa dar lugar ao semelhante. E deu.

Ator, roteirista e cineasta. Co-fundador da Cia. Os Satyros e diretor executivo da SP Escola de Teatro.
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