Um solo em coletivo

Ontem, realizamos a 52ª apresentação de Todos os Sonhos do Mundo, em modo digital. Desde sua estreia oficial, no Festival de Teatro de Curitiba em março do ano passado, a peça foi apresentada 122 vezes até o momento. É um feito extraordinário para um trabalho solo, feito de maneira muito despretensiosa.
 
No curriculum do espetáculo, ainda, apresentações em Cabo Verde, na África; e em Portugal, na Europa. Três continentes contam a história deste trabalho, portanto.
 
Em um momento atípico, onde a mundo todo sangra com a falta de futuro, continuar em cena, duas vezes por semana, é um ato quase desesperador. Mas político, sobretudo.
 
Ontem, por exemplo, 27 pessoas assistiram ao espetáculo. Na semana, nosso público totalizou 112 espectadores. Somados, até agora, a peça foi vista por mais de 10 mil pessoas. A parte maluca dessa história é que estaremos em cena até o dia 21 de dezembro. Haja fôlego!
 
Tudo isso é reflexo de teimosia mesmo! E, evidente, porque temos uma equipe incrível. Não teríamos conseguido nada disso se não tivéssemos o pessoal do grupo comprometido com este momento.
 
Porque, embora seja um solo, este trabalho foi construído em coletivo. E vou até nominar o nome desse pessoal aqui: Rodolfo García Vázquez, Silvio Eduardo, Henrique Mello, Diego Ribeiro, Julia Bobrow, Gustavo Ferreira, Nicole Puzzi, Ju Alonso, Adriana Vaz, Dominique Brand, Marcelo Thomaz, Mariana França, Thiago Mendonça, Eduardo Chagas, Flavio Duarte, Cesar Siqueira, Marcia Daylin, Fabio Penna, Sabrina Denobile, Ana Jorge, Ulrika Malmgren, Andre Stefano, Stella Stephany e João Pontes.
 
É muita gente e, por isso, fazer esta travessia tem sido menos doloroso. Mesmo que não nos encontremos pessoalmente, nossas presenças virtuais, diariamente, vão fazendo toda a diferença.
 
Nos apoiamos uns nos outros e as dificuldades de cada um se tornam mais amenas. Porque precisamos de resistência e, sabemos, lutar pelo teatro neste momento é um ato político. Querem calar nossas vozes, mas não conseguirão.
 
O teatro, nestes dias que se vão – como bem disse o Paulo Betti –, está respirando com ajuda de aparelhos e precisamos cuidar dele com muito carinho. Para que ele saia deste estado letárgico e volte com saúde para a vida da humanidade, porque um povo não pode viver sem espelhos nem reflexos. É só uma questão de tempo e muita paciência . Venceremos!
Ator, roteirista e cineasta. Co-fundador da Cia. Os Satyros e diretor executivo da SP Escola de Teatro.
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