Na quarta-feira, estamos passeando, eu, Cacilda, Chico e Sorriso – um agregado aqui do condomínio, que vive pelas ruas e é de todo mundo –, quando encontramos um cachorrinho que vem em nossa direção, todo molhado, abanando o rabinho. Tá bem frio e choveu durante a tarde. Quando ele se aproxima, Sorriso vai pra cima dele, que trava total e começa a tremer muito.
Eu pego o cachorrinho no colo e vamos pra casa. Dou um banho nele – pra tirar a sujeira maior, porque ele está realmente muito sujo e tem os pelos embaraçados –, ofereço comida e o coloco na minha cama. Ele está bem assustado. Sorriso acompanha tudo com muita desconfiança, enquanto Cacilda e Chico o recebem bem. Depois de um tempo, Sorriso vai embora – ele raramente dorme em casa, prefere perambular pelo condomínio. Nesta noite, o cachorrinho dorme no sofá da sala.
No dia seguinte o cachorrinho acordou antes de todo mundo e parece feliz. Pelo menos já abana o rabinho. Cacilda e Chico o olham com algum ciúme, mas tudo corre bem. Depois de um tempo, Sorriso aparece por ali e continua olhando pro cachorrinho com muita desconfiança.
Dou comida pra eles e saímos os quatro pra passear. O cachorrinho está no meu colo. Um tempo depois, coloco o cachorrinho no chão e tudo caminha bem. Estamos felizes. Até que, numa pequena distração minha, vejo Sorriso dando uma sova no cachorrinho. Quem já viu uma situação dessas sabe da dificuldade que é apartar os cachorros quando estão brigando. Mas como o cachorrinho não reage, um chute no Sorriso resolve o problema e os dois estão separados.
Mas eu fico preocupado com o chute no Sorriso e vou cuidar dele. Estou tremendo, arrependido. Imagina, chutei o Sorriso, o querido que me adora e frequenta a minha casa há meses. Constato que não aconteceu nada com o Sorriso, mas neste exato momento o cachorrinho saiu correndo. E por mais que eu tente alcançá-lo, não consigo.
O cachorrinho desparece e eu não paro de pensar nele. Meu coração está apertado.
Saí há pouco pra passear com os cachorros e encontrei o Rodrigo, que trabalha no condomínio, e pergunto a ele se havia visto um cachorrinho todo sujinho, parecendo um filhote de poodle, etc. Então ele me diz que sim, que tinha aparecido um, que estava perambulando pela estradinha, próximo à entrada do nosso residencial.
Como eu estava impressionado com a história, me sentindo culpado porque eu peguei um cachorrinho na rua, trouxe pra casa e não havia sido capaz de cuidar do pobrezinho; coloquei minha máscara, peguei o carro e fiz um pedido pra São Longuinho – se eu encontrar o cachorrinho, dou três pulinhos. E lá fui eu.
Passando a portaria, quem vem subindo a rua? Sim, o cachorrinho, o próprio. Parei o carro e fui atrás dele, que entra em uma casa. Fui gritando:
—Pessoal, tô entrando pra pegar o meu cachorrinho.
Quando, enfim, eu consigo apanhar aquela belezura toda suja e amedrontada, aparece uma mulher dizendo que aquele cachorro era dela. Nossa, quase morri. Imagina, tinha eu invadido uma casa e estava roubando o cachorro da família.
Eu explico à ela o ocorrido, peço desculpas, ela me diz que se chama Luzinete e volto pra casa, aliviado. Ufa, pelo menos o mocinho está bem e tem amor pra enfrentar esse mundão de Deus. Viva!
Ah, dei, claro, os três pulinhos em agradecimento a São Longuinho, e voltei pra casa.
Linda história, mas Luzinete deveria ter mais amor ao pequeno.
Sou a maior fã de São Longuinho, vivo pulando por causa de meus óculos
O menino sujinho tinha de ser seu também porque a Luzinete nem liga pra ele.
vá lá e o leve pra sua casa, coitadinho.
Beijo Ivam Francisco !