TRAJETÓRIA | Teatro, profissão de fé

Meu solo “Todos os Sonhos do Mundo” já ultrapassou as 200 apresentações. Só no terreno digital e em plena pandemia, foram mais de 150 sessões, entre 2020 e 2021.

Antes, o trabalho foi apresentado, além de São Paulo, em várias capitais e cidades do interior e fez temporadas em Portugal e Cabo Verde, na África ocidental.

Desde o dia 14, no entanto, voltei a apresentar a peça na SP Escola de Teatro, em São Paulo, enquanto me preparo para viajar pelo interior paulista. A estreia dessa nova digressão acontece na semana que vem, no Anfiteatro de Ibitinga.

Estou feliz. Temporadas longas como essa sempre trazem muitas boas histórias. Como as de ontem à noite, por exemplo, quando recebi um público de 8 pessoas. Oito! A ressaca das Satyrianas sempre trouxe uma baixa de público pra gente. Naturalmente também temos que considerar que quase no mesmo horário tínhamos sessão de “Os Condenados” e também o lançamento do livro “Eternizar em Escrita Preta”, com sarau, música e leitura dramática no hall da Escola. Uma festa!

Os dias pós-Satyrianas são sempre exaustivos. A gente sobe no palco com uma moleza parecida com a da quarta-feira de cinzas. O corpo dói, a energia parece ter sumido por completo. Mas ratificar a paixão pelas tábuas do palco acaba sempre trazendo novos ânimos para as nossas questões mais pueris. Porque as indagações que eu trago neste trabalho suscitam sempre em novas proposições. A peça nunca acaba no blackout final da apresentação. Continua, em geral, pelo mundo digital. É muito comum, ao final das sessões, eu receber mensagens ou e-mails confessionais do público. Normalmente me revelando segredos e contando coisas que, muitas vezes, nunca foram reveladas antes.

Dos oito espectadores que estiveram comigo ontem à noite, dois deles me mandaram mensagens. Uma delas trazia uma confissão. “Nunca tive coragem de contar isso a alguém”, escreveu minha interlocutora em algum momento de seu emocionante relato.

Tem sido bonito este trajeto e eu só agradeço. Agora começo a pensar na encenação de “1991 ou A Imperfeição do Amor”, que deve estrear no ano que vem. É a segunda parte da “Trilogia das Revelações”, que teve início com este “Todos os Sonhos do Mundo”.

Ator, roteirista e cineasta. Co-fundador da Cia. Os Satyros e diretor executivo da SP Escola de Teatro.
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