Nestes últimos dias, comecei a divagar sobre o tempo e seus privilégios. Fiz um exercício. Dolorido, na verdade. Porque a gente conhece bem as desvantagens desta conta. Neste 2021, em junho, eu completei 58 primaveras. E, na contramão do que deveria ser óbvio, eu tenho amado envelhecer. Sonho em chegar ao 60 anos e encher a boca para revelar a minha idade.
É que o interessante mesmo de ficar mais velho (ou mais experiente, rs) é que você, independente de querer ou não, será reconhecido como tal.
Me lembro bem de quando cheguei aos 30 anos e comecei a ser chamado de tio aqui, tio ali. Confesso que não me surpreendi e nem achei estranho.
Mas quando cheguei aos 40, lembro bem de uma vez em que estava com o Germano Pereira, o ator, que na época tinha vinte e pouquinhos anos. Fui acompanhá-lo em uma agência de atores e a atendente me perguntou se eu era o pai dele. Desta vez eu fiquei bem confuso.
Um tempinho antes do isolamento social eu estava numa loja com o Felipe, filho da Cibele, minha secretária, e a vendedora quis saber se o pequenino era meu neto. Como atualmente eu estou muito bem com a minha idade, a questão da vendedora me deixou até feliz. Sério. Comecei a sonhar o quanto seria lindo ter um neto nessa altura da minha vida.
Então vou pensando… Acho que o avançar no tempo te deixa mais perto da poesia.