por Ana Lucia Santana
A Companhia Teatral Os Satyros foi criada em 1989 pelo intérprete de teatro Ivam Cabral e pelo dramaturgo e diretor Rodolfo García Vazquez, na cidade de São Paulo, como uma comunidade tipicamente experimental. Suas primeiras produções já trazem a semente de sua principal característica, a audácia e as atitudes inflexíveis
O trabalho inaugural desta trupe foi Sades ou Noites com os Professores Imorais, espetáculo baseado na obra do Marquês de Sade; nesta ocasião eles principaram o processo de renovação do Teatro Bela Vista, encetando a partir desta iniciativa uma etapa de drástica interferência cultural nesta região. Este impulso revitalizador foi suspenso em 1992, com a partida do grupo para o continente europeu.
Os Satyros permaneceram na Europa até dezembro de 2000, participando de festivais significativos, como Avignon e Edimburgo, fixados em Portugal. Eles também entraram para a história do teatro como a primeira trupe brasileira a subir nos palcos ucranianos após a queda do Muro de Berlin. No final deste período a companhia voltou para São Paulo e se fixou definitavamente na Praça Roosevelt, então um local extremamente marginalizado, invadido pelo tráfico de drogas e pelo comércio do sexo. Os integrantes deste grupo renovaram completamente a região, convertendo-a em um dos pontos culturais mais importantes da metrópole.
Este grupo não se limita ao circuito teatral; seus membros estão presentes também na edição de obras literárias, na elaboração de trabalhos para difusão em rádios, televisões e cinemas. A cada ano eles realizam um importante evento artístico-cultural, as ‘Satyrianas’, um espaço para apresentações culturais durante 78 horas.
Hoje Os Satyros tem uma base também no Paraná, em Curitiba, fundada em 1995, pois desde o início a companhia mantinha laços culturais com este estado brasileiro, uma vez que vários de seus integrantes provêm desta região. Além disso, eles preservam diversos centros de atuação, mantendo em sua equipe mais de 50 membros.
Em seu currículo já constam trabalhos em pelo menos 15 países, mais de 60 produções e um rol de várias premiações internacionais, algumas delas consideradas as mais significativas no meio teatral brasileiro. A companhia acalenta, desde sua temporada europeia, um projeto próprio, tanto na esfera teórica quanto na prática artística, conhecida como Teatro Veloz.
A trupe cultiva desde o início um processo de pesquisa incessante, em busca de respostas no campo estético. Assim, seus integrantes criaram, com o tempo, uma atuação teatral crítica, em constante movimento de reorganização. Para isso eles se baseiam especialmente na produção teórica de autores como Antonin Artaud, Nietzche, Adorno e Walter Benjamin, entre outros nomes importantes.
Em 2004 o grupo recebeu uma injeção de vitalidade com o ingresso do intérprete, pesquisador e ex-crítico de teatro Alberto Guzik. Além deste ícone, a companhia é composta atualmente por Cléo De Páris, Ivam Cabral, Phedra D. Córdoba, entre outros. Entre os intérpretes convidados, constam nomes como o da atriz Norma Bengell.
Fonte: InfoEscola, 2012