Satyros une estrelas do teatro no Festival Dramaturgias em Tempo de Isolamento

POR BLOG DO ARCANJO

Grupo pioneiro no teatro digital, a Cia. de Teatro Os Satyros promove o Festival Dramaturgias em Tempo de Isolamento, de 26 a 28 de março, de graça, com 12 textos inéditos e escritos especialmente para o evento, que contará ainda com palestras sobre a dramaturgia contemporânea. Os ingressos já podem ser retirados no Espaço Digital do Satyros na Sympla.

Segundo o Satyros, “o evento surge para valorizar a dramaturgia como pilar fundamental no diálogo sobre o tempo em que se vive”. Diretor e cofundador do grupo ao lado de Ivam Cabral, Rodolfo García Vázquez conta que convidou 12 nomes da dramaturgia contemporânea para criarem novas peças.

“Eles escreveram textos especialmente para o festival. São eles: Alice Rocha, César Baptista, Diego Fortes, Dione Carlos, Fernanda D´Umbra, Gabriela Mellão, Manfrin, Maria Giulia Pinheiro, Miguel Arcanjo Prado, Paula Autran, Sérgio Roveri e Túlio Paniago”, enumera.

Elenco repleto de diversidade marca o Festival Dramaturgias em Tempo de Isolamento do Satyros de 26 a 28 de março- Fotos: Divulgação – Blog do Arcanjo

Os elencos das encenações trazem grandes nomes do teatro: “Renato Borghi, Clovys Tôrres, Eucir de Souza, Carlos de Niggro, Eduardo Silva, Débora Veneziane, Pedro Lopes, André Lu, Elisa Barboza, Fábio Penna, Fabiola Karen, Waltair França, André Souza, Ismael Diniz, Andreel Ferreira, Fernanda D’Umbra, Lianna Matheus, Luna Martinelli, Kaique Theodoro, Ingrid Soares, Marcia Dailyn, Carol Hubner, Juan Manuel Tellategui, Giovanna Barros, Michel Nader, Hugo Bispo, Malu Frizzo e Fernando Belo”, adianta Vázquez ao Blog do Arcanjo.

Festival Dramaturgias em Tempo de Isolamento do Satyros traz olhares plurais na direção dos textos inéditos – Foto: Divulgação – Blog do Arcanjo

O diretor do Satyros lembra ainda que a direção dos 12 trabalhos é feita de olhares diversos. “Temos nomes como Gabriela Mellão, Raphael Garcia, Diego Fortes, Nicole Puzzi, Eliane Gomes Fonseca, Rafael Cerigato, Guilherme Junqueira, Danilo P Marques, Manfrin, Eduardo Martini, Malu Frizzo, Clarissa Campolina e Fernando Belo”, conta.

O isolamento por conta da pandemia mundial da Covid-19, que no Brasil ainda é mais grave, “mudou as formas de interação e sociabilização entre as pessoas” na visão do diretor. Ele prossegue: “O mundo mudou. O surgimento do termo ‘novo normal’ reforça esse acontecimento e lança um olhar para o que já se vive e para o que ainda está por vir”, pontua.

Vázquez, que estudou sociologia na USP, recorda que “durante séculos as questões antropológicas vêm sendo respondidas através da arte e da cultura, que sempre tiveram poder transformador para com a visão de mundo, ao jogarem uma lupa para os milhares de fragmentos desse espelho rompido chamado identidade”.

Alessandro Toller, Maria Shu e Vana Medeiros: bate-papo sobre as peças inéditas – Foto: Divulgação – Blog do Arcanjo

Com foco na reflexão sobre o teatro digital, o Festival Dramaturgias em Tempo de Isolamento convidou os dramaturgos Alessandro Toller, Maria Shu e Vana Medeiros para discutir os novos caminhos da dramaturgia, a partir do panorama da sociedade atual e, ainda, sobre as dramaturgias a serem apresentadas no Festival, em um papo que encerra a programação nos três dias.

Satyros é pioneiro no teatro digital

Ivam Cabral foi o primeiro ator do teatro digital brasileiro, estreando em 20 de março de 2020 seu monólogo Todos os Sonhos do Mundo, sob direção de Rodolfo García Vázquez, no Instagram. Ele foi o primeiro artista do mundo a fazer isso, inaugurando o formato live artística, depois seguido por outras estrelas do teatro e da música. 

“Esse foi o pontapé inicial para o surgimento do Espaço Satyros Digital, que passou a receber os espetáculos digitais da companhia, concebidos na plataforma Zoom”, lembra Cabral. A primeira peça já concebida para este novo formato foi A Arte de Encarar o Medo, texto de Cabral e Vázquez criado em distanciamento social e apresentado em 2020 em quatro diferentes continentes com direito a três montagens: as versões brasileira, afro-europeia e norte-americana. A peça se tornou um sucesso global, vista por 30 mil pessoas e recebendo elogios de veículos internacionais como a revista nova-iorquina Time Out e reuninndo artistas de lugares como Brasil, EUA, Inglaterra, Senegal, Nigéria, Cabo Verde, África do Sul, Zimbabwe, Alemanha e Suécia.

A peça, que em inglês se chamou The Art of Facing Fear, venceu os prêmios de Melhor Espetáculo e Melhor Elenco no Festival Red Curtain, de Calcutá, na Índia, e foi indicada em seis categorias ao BroadwayWorld de Los Angeles, incluindo Melhor Espetáculo, Elenco e Direção, vencendo ainda a Premiação Young-Howze Theater Awards nos EUA na categoria Prêmio Mundial de Melhor Espetáculo Colaborativo do Ano em conjunto com Macbeth #06, feita em parceria do Satyros com a Universidade de Birminghan na Inglaterra.

A obra ainda foi indicada ao Prêmio Arcanjo e ao Prêmio APCA e ficou na lista de melhores espetáculos de 2020 dos jornais O Globo e Folha de S.Paulo. O grupo ainda fez o Festival Satyrianas em versão digital, com mais de 400 atrações e público de 45 mil pessoas. O Satyros tem 32 anos de história, na qual realizou mais de 100 espetáculos que foram apresentados em cerca de 30 países, recebendo mais de 100 prêmios no Brasil e no mundo, entre eles os mais importantes do teatro brasileiro, como APCA, Shell, Mambembe, Arcanjo, Apetesp, Aplauso Brasil e Governador do Estado de São Paulo.

O Blog do Arcanjo mostra a seguir a programação completa. Programe-se e tenha um ótimo espetáculo!


Festival Dramaturgias em Tempo de Isolamento, do Satyros – Programação

Sexta-Feira, 26 de março de 2021
17h – Restos do Confinamento, de Gabriella Mellão
Direção e Cenário: Gabriela Mellão
Elenco: Clovys Tôrres e Eucir de Souza
Sinopse: A obra faz um retrato impreciso da vitalidade reminiscente do homem, a partir das projeções de figuras espectrais que gozam a liberdade encarceradas em seus lares, reafirmando a plenitude de suas existências desprovidas de sensibilidade e movimento.

18h – O Amor É uma Ilha. De edição, de Maria Giulia Pinheiro
Direção: coletiva
Elenco: Débora Veneziane e Pedro Lopes
Sinopse: Um ex-casal de atores se inscreve em um edital de auxílio emergencial para artistas e precisa fazer um curta-metragem com poucos recursos. A única história que conseguem contar é a deles mesmos, por mais que se esforcem em outras narrativas.

19h – Grand Pas de Deux, de César Baptista
Direção: Raphael Garcia
Elenco: Carlos de Niggro e Eduardo Silva
Sonoplastia: Tâmara David
Direção de arte: Marco Antônio Fera
Técnica de Palco Digital: Lisandra Poianas
Sinopse: Sobrinho faz vídeo chamada com seu tio, um bailarino aposentado e professor de ballet, para ajudá-lo a receber uma homenagem da escola de dança, onde ele começou sua carreira. Enquanto se preparam para o evento online, suas reminiscências e a distância os aproximam de forma decisiva.

20h – Câmbio, de Diego Fortes
Direção: Diego Fortes
Atuação: Renato Borghi
Composição Musical: Gilson Fukushima
Direção de Fotografia: Luísa Bonin
Consultoria Dramatúrgica: Luci Collin
Sinopse: Uma voz faz transmissões radiofônicas diárias contando histórias na intenção de se conectar com quem possa ouvir.

23h – Palestra com Alessandro Toller
Reflexões sobre as dramaturgias apresentadas nas encenações no dia, além de discussões sobre a escrita em tempo de isolamento.

Sábado, 27 de março de 2021
17h – Dragão Vermelho Move o Mar Azul, de Dione Carlos
Direção: Nicole Puzzi
Elenco: André Lu, Elisa Barboza e Fábio Penna
Sinopse: Dois homens pescam em alto-mar, observados por uma narradora onisciente. No lugar de peixes, uma sombra amarela na água e a tentativa de descobrir o que é aquilo.

18h – Exóticos, de Túlio Paniago
Direção: Eliane Gomes Fonseca e Rafael Cerigato
Elenco: Fabiola Karen, Waltair França, André Souza, Ismael Diniz e Andreel Ferreira
Cenografia: Débora Cometti e Robson Oliveira
Iluminação: Xico Macedo
Sonoplastia: Carlos Awire
Produção: Gustavo Teixeira
Sinopse: Exótico vem do grego Exótikós, que significa “alguém de fora, estrangeiro”. Já a palavra “estrangeiro” deriva do francês arcaico estrangier, que por sua vez se origina do latim extraneus (estranho). A conotação de exótico, portanto, está relacionada à ideia de estranhamento, de algo ou alguém que eu não posso compreender justamente por ser alheio a mim. Este termo é frequentemente usado em contextos artísticos. Mas, afinal, o que seria artisticamente exótico?

19h – Amor de Monstra, de Fernanda D´Umbra
Direção e Vídeo: Guilherme Junqueira
Elenco: Fernanda D’Umbra
Sonoplastia: Pedro Ribeiro
Caracterização: Laerte Késsimos
Operação de áudio: Pedro Ribeiro e Paula Silva
Sinopse: Amor de Monstra narra a história de uma monstra que mora num prédio de apartamentos no centro de São Paulo.

20h – Uma Ponte para o Impossível, de Paula Autran
Direção: Danilo P Marques
Elenco: Lianna Matheus e Luna Martinelli
Música: Tuco Cerutti
Figurino: Anne Cerutti
Sinopse: Em um futuro não muito distante, duas mulheres dão depoimentos públicos para o memorial virtual de um homem com o qual viveram intensas histórias de amor.

23h – Palestra com Vana Medeiros
Reflexões sobre as dramaturgias apresentadas nas encenações no dia, além de discussões sobre a escrita em tempo de isolamento.

Domingo, 28 de março de 2021
14h – Cartas Para(Ti), de Manfrin
Direção: Manfrin
Elenco: Kaique Theodoro, Ingrid Soares e Marcia Dailyn
Direção de Vídeo: Vinicius Oliveira (Direção de Vídeo)
Sinopse: Em cena online teremos: uma que para e um que anda. Talvez não se faça cena, mas se faça vida em registro e trans(missão) duracional. Em uma tentativa frustrada de dar voz ao tempo. Justo essa deusa tão discreta, mas perversa. Sábia. Voraz. Contamos a história de uma Mãe que sempre para, de um Filho que sempre anda e uma travesti grávida.

15h – Cápsula do Tempo, de Miguel Arcanjo Prado
Direção: Eduardo Martini
Elenco: Carol Hubner e Juan Manuel Tellategui
Adaptação: Juan Manuel Tellategui
Direção de Produção e Trilha Sonora: Miguel Arcanjo Prado
Direção de Arte, Produção e operação técnica: Rodrigo Barros
Videoarte: Henrique Mello
Fotografia e vídeo: Edson Lopes Jr.
Sinopse: Um achado num velho baú em São Paulo em 2020 é uma cápsula do tempo que leva a Buenos Aires nos anos 1980.

16h – Tô me Guardando pra Quando?, de Alice Rocha
Direção: Malu Frizzo
Elenco: Giovanna Barros, Michel Nader, Hugo Bispo e Malu Frizzo
Cenografia e figurino: Bianca Leiva
Sonoplastia: Hugo Bispo
Produção e operação: Gabriel Tunes
Sinopse: Um baile de máscaras virtual. Entre marchinhas e fantasias improvisadas, um grupo de amigos se reúne para um baile improvisado. Conversam sobre suas vidas e situações cotidianas, enquanto a peste baila solta pelas ruas no país do improviso.

17h – Aquele Ano da Friagem, de Sérgio Roveri
Direção: Clarissa Campolina e Fernando Belo
Elenco: Fernando Belo
Trilha sonora: Fernando Belo
Desenho de luz: Clarissa Campolina
Projeções e cenário: Clarissa Campolina e Fernando Belo
Diretor técnico de performances digitais: Rodrigo Fischer
Sinopse: Em uma pequena cidade à beira-mar, a chegada da pandemia do coronavírus é narrada pelo olhar ingênuo e poético de um garoto de 12 anos, que testemunha a morte do avô sem ter dimensão do alcance da doença

20h – Palestra com Maria Shu
Reflexões sobre as dramaturgias apresentadas nas encenações no dia, além de discussões sobre a escrita em tempo de isolamento.

Serviço e ficha técnica
Quando: 26, 27 e 28 de março
Onde: No Espaço Satyros Digital, da Sympla – www.sympla.com.br/espacodigitaldossatyros
Evento Gratuito

Festival Dramaturgias em Tempo de Isolamento
Cia. de Teatro Os Satyros
Idealização e Curadoria: Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez
Coordenação Geral: Gustavo Ferreira
Produção Geral: Diego Ribeiro e Silvio Eduardo
Produção Executiva: Janna Julian
Designer Gráfico: Henrique Mello

 

Fonte: Blog do Arcanjo

Ator, roteirista e cineasta. Co-fundador da Cia. Os Satyros e diretor executivo da SP Escola de Teatro.
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