Romance póstumo de Alberto Guzik será lançado no dia 20 de março na SP Escola de Teatro

Os arquivos de “A Estátua de Sal de Sodoma” foram deixados a Ivam Cabral, no período em que o autor estava internado, com pedidos para que fosse publicado caso algo lhe acontecesse

DA REDAÇÃO
07/03/2024 – 18:53

Acontece em 20/3, às 19h, no hall da SP Escola de Teatro, na Unidade Roosevelt, o lançamento do romance “A Estátua de Sal de Sodoma”, do ator, diretor, professor, crítico e escritor Alberto Guzik (1944-2010). Guzik foi um dos idealizadores e fundadores da Escola, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo.

O romance póstumo é publicado pelo Selo Lucias, projeto editorial da Escola com coordenação editorial de Ivam Cabral, Beth Lopes, Elen Londero e Marcio Aquiles, em parceria com a Editora Urutau. Na superfície, parece ser um romance sobre a vida de um crítico e professor de teatro, que passa por um fim de casamento e uma nova paixão. Contudo, a complexa engenharia literária de Guzik revela ao leitor outras narrativas nas entrelinhas.

Guzik faleceu em junho de 2010, em decorrência de um câncer no estômago descoberto meses antes. Periodicamente, ele enviava a Ivam Cabral os arquivos atualizados do livro. “Estou contente com o resultado. Consegui limpar uma porção de bobagens e repetições, e percebo que tenho que mexer muito menos na obra do que havia imaginado de início”, diz em um email de fevereiro de 2010. No prefácio do livro, Ivam Cabral, diretor-executivo da SP Escola de Teatro – amigo pessoal de Guzik, além de parceiro de sonho e trabalho na SP Escola de Teatro e na Companhia Os Satyros – conta que o romance começou a ser escrito em 2008, durante uma viagem a Nova York.

O ponto de partida foi o quadro “Cat and Bird”, de 1928, do pintor suíço Paul Klee, exposto no MoMA. Ivam Cabral escreve: “‘A Estátua de Sal de Sodoma’ é um livro triste, silencioso também. Embora passeie sobre a cidade com todos os seus ruídos e registre um tempo específico – eu próprio sou personagem da obra, vejam só que privilégio -, este livro do Alberto pareceu refletir sobre os impulsos, onde vida e morte digladiam-se”.

No posfácio do livro, Aimar Labaki, dramaturgo, diretor, roteirista, ensaísta e tradutor, também amigo de Alberto Guzik e que também recebeu por email os arquivos do livro durante sua escrita, analisa que o personagem principal da história é um aceno ao amigo Luiz Roberto Galiza (1951-1985), ator, diretor, cenógrafo, iluminador, performer e autor teatral e um dos nomes mais importantes do teatro paulistano nas décadas de 1970 e 1980. “Paulo é Galizia, se não houvesse morrido tão jovem.

Alberto traz para a ficção a presença do amigo, dá-lhe vida extra. Não como artista, mas como companheiro de jornada existencial”, explica. Ator consagrado em montagens da Cia Os Satyros, Guzik também foi um escritor experiente e premiado. Antes dessa obra póstuma, publicou o romance “Um Risco de Vida” (1995, indicado ao Prêmio Jabuti), o livro de contos “O Que É Ser Rio, e Correr” (2002). No teatro escreveu “Um Deus Cruel” (1997) e “Errado” (2001). No campo da crítica, publicou “TBC: crônica de um sonho” (1986) e “Paulo Autran: um homem no palco” (1998).

 

Estreia aos 5 anos
Figura emblemática da cena teatral paulistana, Alberto Guzik (1944-2010) subiu pela primeira vez em um palco aos cinco anos de idade, no Teatro Escola São Paulo, e prosseguiu como amador até se formar na Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo, em 1966. Em 1967, estreou como ator profissional em “O Processo”, baseado no romance de Kafka, montagem do Núcleo 2 do Teatro de Arena, sob a direção de Leonardo Lopes. Sua carreira artística ficou em suspenso enquanto iniciava sua carreira de crítico.

Começou a escrever críticas nos anos 1970, em veículos como Última Hora. Assumiu em 1984 a crítica teatral do Jornal da Tarde, ao lado de Sábato Magaldi. Também foi colaborador do Caderno 2, do jornal O Estado de S. Paulo. Mestre em teatro pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, defendeu em 1982 seu mais importante trabalho teórico, a dissertação “TBC: Crônica de Um Sonho”.

Em 2001, deixou o Jornal da Tarde e, ao lado da carreira no jornalismo, se dedicou ao ensino, como professor da Escola de Atores Wolf Maya. Também foi professor na EAD/USP, na ECA/USP e no Teatro Escola Macunaíma. Na mesma época, passou a se dedicar mais ao seu lado artista, retornando aos palcos em 2003 na peça “Horário de Visita”, do dramaturgo Sérgio Roveri. Após 40 anos, voltava a se apresentar profissionalmente como ator e não iria parar mais.

Na Companhia Os Satyros, ao lado do ator, diretor e dramaturgo Ivam Cabral e do diretor e dramaturgo Rodolfo García Vázquez, apresentou-se nas emblemáticas peças “Kaspar”, “Transex” e “A Vida na Praça Roosevelt”, entre muitas outras. A partir de 2006, foi um dos pensadores e idealizadores do projeto da SP Escola de Teatro, que se materializou finalmente em 2009, ano de sua fundação, como instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo. Em fevereiro de 2010, a Escola recebia os seus primeiros estudantes.

 

Fonte: IstoÉ

 

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