Prêmio Arcanjo de Cultura | Conheça vencedores de 2020

Por Miguel Arcanjo Prado

Uma noite de valorização da cultura brasileira. Assim pode ser definida a 2ª edição do Prêmio Arcanjo de Cultura, que teve cerimônia digital na noite desta quarta (28), no canal Blog do Arcanjo no Youtube.

“Nosso objetivo é celebrar os artistas que fizeram a diferença no desafiante ano de 2020”, afirmou o jornalista, crítico e idealizador Miguel Arcanjo no começo da transmissão. Ao todo 30 nomes foram premiados, entre eles Elza Soares, Fábio Porchat, Satyros, Lázaro Ramos, Babu Santana, Thelma Assis e Angela Ro Ro. Todos fizeram discursos emocionantes na cerimônia, marcada pela diversidade. Os jurados Miguel Arcanjo, Adriana de Barros, Bob Sousa, Hubert Alquéres, Elba Kriss e Zirlene Lemostambém deram depoimentos nos quais ressaltaram a resistência dos profissionais da cultura durante esta pandemia.

Foram quatro vencedores em cada uma destas seis categorias: Artes Visuais, Cinema, Música, Redes, Streaming TV e Teatro. Já a categoria Especial teve 6 premiados. Homenageada na categoria Especial, Elza Soares elogiou as “mulheres poderosas” do júri e declarou: “Viva a cultura e os artistas que resistem”.

Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo, vencedor em Artes Visuais, agradeceu “ao querido jornalista e crítico Miguel Arcanjo Prado em nome de toda a equipe do Sesc”. Em cinema, Bárbara Pazofereceu a Héctor Babenco a vitória pelo documentário sobre o cineasta: “Babenco lá em cima deve estar orgulhoso”, falou. “Este prêmio mostra que existe vida teatral na pandemia”, declarou Nicole Puzzi, atriz do Satyros, vencedor em Teatro com A Arte de Encarar o Medo e Redes com o Festival Satyrianas.

O rapper indígena Kunumi MC, vitorioso em Música, discursou: “Espero que as portas se abram cada vez mais para os povos indígenas”. Já em Redes, Maria Zilda Bethlem se emocionou: “Essa live da alegria eu inventei do nada no começo da pandemia, porque achei que as pessoas estavam muito sozinhas e tristes. Fiz por amor e não esperei nada em troca. Então, receber um prêmio me deixa não só emocionada e honrada como muito surpresa”.

Um dos momentos mais emocionantes da noite foi a homenagem aos artistas que morreram no último ano bem como a vitória de João Acaiabeem Streaming TV. “O meu pai tinha uma frase que era feche os olhos e entre na história. Agora, meu pai fechou os olhos para entrar para a história”, declarou sua filha, Thays Acaiabe.

Outro destaque ficou por conta da vitória de Falas Negras em Streaming TV. “É um marco na história da TV brasileira, feito por uma equipe apaixonada e um elenco espetacular. O Prêmio Arcanjo é um sopro de resistência para a cultura”, disse Lázaro Ramos, que dirigiu o especial na Globo. “O Prêmio Arcanjo é um marco na cultura neste momento tão difícil”, definiu a cantora Angela Ro Ro, homenageada na categoria Especial.

O júri do Prêmio Arcanjo de Cultura é presidido por Miguel Arcanjo e conta com os especialistas Adriana de Barros, Bob Sousa, Elba Kriss,Hubert Alquéres e Zirlene Lemos. Ivam Cabral assina a direção artística, com direção de produção de Hernan Halak e Bob Sousa, produção executiva de Elen Londero e Gustavo Ferreira, e direção de vídeo de Anderson Jesus, da Iracema Rosa Filmes. O Troféu Arcanjo é criação da artista plástica Telumi Hellen. O 2º Prêmio Arcanjo de Cultura conta com apoio do Edital Proac Expresso Lei Aldir Blanc e da Adaap.

A 1ª edição do Prêmio Arcanjo de Cultura foi em 18 de dezembro de 2019, em noite histórica no Theatro Municipal de São Paulo, com presença de toda a classe artística. Idealizador e diretor da premiação, Miguel Arcanjo dirige desde 2012 o site Blog do Arcanjo, três vezes eleito um dos melhores no jornalismo cultural brasileiro pelo Prêmio Comunique-se e que acumula 2 milhões de visitantes únicos.

VENCEDORES 2º PRÊMIO ARCANJO DE CULTURA – 2020

ARTES VISUAIS

Centro de Pesquisa e Formação (CPF) do Sesc São Paulo
Pela valorização da reflexão e proposta de diálogos sobre as Artes Visuais.

J. C. Serroni
Pelos 70 de vida e grande contribuição, com projetos cenográficos, ensino, pesquisa e publicações, às Artes Visuais e ao Teatro Brasileiro.

John Lennon em Nova York por Bob Gruen – MIS
Pela apresentação da trajetória visual de um dos maiores artistas do século 20.

My Name Is Ivald Granato – Sesc Belenzinho e Sesc Guarulhos
Pela apresentação de meio século de produção artística inventiva e performativa do artista brasileiro.


CINEMA

A Febre
Pela proposição da diretora Maya Werneck Da-Rin em dar voz ao indígena em um país entregue à voracidade predatória.

Babenco, Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou, de Bárbara Paz
Pela delicadeza cinematográfica no registro dos últimos dias de um dos maiores diretores do cinema, Héctor Babenco.

Fim de Festa
Pela proposta do diretor Hilton Lacerda em construir um filme inteligente e divertido, verdadeiro deleite para quem gosta de cinema.

Sete Anos em Maio e Vaga Carne
Pela união na exibição de dois médias poderosos na mensagem e qualidade de produção: de um lado, a denúncia do genocídio negro, do outro, um corpo buscando sua voz.

MÚSICA

Coletivo IMuNe – Instante da Música Negra
Pelo diálogo artístico que fez o Brasil conhecer seis nomes talentosos da nova música negra: Bia Nogueira, Cleópatra, Gui Ventura, Maíra Baldaia, Raphael Sales e Rodrigo Negão.

João Gordo
Pela corajosa trajetória no Entretenimento e na Música, que o torna um dos maiores nomes do punk nacional.

Kunumi MC
Por ser voz representativa do discurso indígena na cena musical.

Marcelo D2
Pelo disco Assim Tocam Meus Tambores, no qual reuniu seus “cria” em um projeto produzido e gravado a partir de lives feitas durante o período de isolamento.

REDES

Educa Podcast
Pelo precioso projeto que une Educação e Música em papos prazerosos com entrevistados que sempre têm algo inteligente a dizer.

Festival Satyrianas
Pelo mergulho no digital em sua 21ª edição, acompanhada por mais de 45 mil pessoas em 78 horas que reuniram 300 atrações artísticas e cerca de 100 filmes.

Maria Zilda Bethlem
Pelas entrevistas conduzidas de forma espontânea pela atriz no Instagram que conquistaram milhares de pessoas na quarentena.

Tina
Pelo humor ferino das atrizes Isabela Mariotto e Julia Burnier no Instagram, onde a personagem conquistou o público inteligente com uma cutucada divertida no campo progressista privilegiado.

STREAMING TV

Babu Santana e Thelma Assis
Pelo forte carisma e representatividade negra que conquistou o país no Big Brother Brasil, reality da Globo.

CNN Brasil
Pela estreia, crescimento e por ter rapidamente se tornado importante opção de informação para o público brasileiro.

Falas Negras
Por dar voz na tela da Globo e no Globoplay ao discurso de 22 personalidades negras históricas, em cuidadosa produção dirigida por Lázaro Ramos e idealizada por Manuela Dias.

João Acaiabe
Pelos personagens que conquistaram gerações em 50 anos de carreira artística e pioneirismo na representatividade negra nas artes.

TEATRO

A Arte de Encarar o Medo (The Art of Facing Fear)
Pelo pioneirismo no Teatro Digital da Cia. Os Satyros nesta obra de Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez com elencos brasileiro, africano-europeu e estadunidense e temporadas em 4 continentes; corajoso feito para o teatro brasileiro no turbulento 2020.

A Cor Púrpura
Pela impecável produção de teatro musical com elenco e equipe totalmente dedicados em contar uma velha história negra com múltiplos e novos significados.

Desamparos
Pelo mergulho sensível e virtual da atriz Cléo De Páris sob direção de Fábio Penna, um respiro poético em meio ao caos.

Jane Di Castro, Divina Valéria, Eloína dos Leopardos, Camille K, Marcia Dailyn e Divina Nubia
Pelo pioneirismo na representatividade trans e transformista nos palcos, com trajetórias reunidas no espetáculo Divinas Divas, marco no Theatro Municipal de São Paulo em 2020.

ESPECIAL

Anderson Jesus
Pela proposta de comunicação que valoriza a trajetória negra, foco do projeto de conteúdo digital multiplataforma Todos Negros do Mundo (TNM).

Angela Ro Ro
Pelos 70 anos de uma artista talentosa, pioneira na liberdade do amor e com trajetória de sucessos que marcaram gerações.

Elza Soares
Pelos 90 anos desta artista de grande talento, farta coragem e constante capacidade de reinvenção, além de ser voz histórica da mulher negra brasileira.

Fábio Porchat
Pelas entrevistas em formato live na quarentena e pela ajuda a artistas e técnicos em vulnerabilidade na pandemia.

Hilton Cobra
Pela irretocável trajetória de valorização do teatro negro, coroada com a excelente peça Traga-me a Cabeça de Lima Barreto.

Os Crespos Cia. de Teatro
Pelos 15 anos da importante companhia dedicada ao teatro negro sob comando de Lucelia Sergio e Sidney Santiago Kuanza.

Fonte: Blog do Arcanjo, 28/04/2021

Ator, roteirista e cineasta. Co-fundador da Cia. Os Satyros e diretor executivo da SP Escola de Teatro.
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