Das primeiras coisas que fizemos, quando resolvemos assumir o Cine Bijou, foi entrar em contato com alguns órgãos públicos, imaginando que pudessem estar com a gente nessa empreitada. Fomos claros desde o início:
— O Cine Bijou pode ser de vocês, não temos intenção alguma em ter um cinema. Nosso único propósito é que a sala icônica da cidade não se transforme em um bar ou uma igreja.
Sim, seria o destino do Bijou se não tivéssemos entrado no meio de uma negociação que deu trabalho. O proprietário do imóvel tinha uma proposta muito melhor para que o espaço deixasse de ser cultural.
Não havia nem dinheiro para isso. Foi rápido. Ficamos sabendo da história no início de março, e no dia 1º de abril as chaves já estavam conosco. No sufoco mesmo.
Sabíamos – aliás, temos certeza: nosso entorno é de nossa responsabilidade, sim. Nossas calçadas, nossas ruas, nossas praças têm que ser assumidas por nós, cidadãos. Nossa história também. E nós, Satyros, pertencemos ao grupo que acredita, absolutamente, que a história pode ser transformada e ressignificada. E, assim, restituída com alguma dignidade.
Então, claro, somos responsáveis. O futuro dirá se temos razão ou não.
O Cine Bijou será, para sempre, um projeto não sustentável. Só pra terem uma pequenina ideia: para colocarmos o espaço na rede de cinemas da cidade, precisaremos de R$ 300 mil só em equipamentos. Sua manutenção custará R$ 60 mil por mês. O aluguel custa R$ 7 mil e o espaço comporta 88 espectadores.
Então, por que, afinal, assumir um cinema?
A história recente do país tem respondido por nós. No dia 1º de abril, quando pegamos as chaves do Bijou, a Ancine trabalhava normalmente, embora sabíamos que algo catastrófico pudesse acontecer. E foi naquele mesmo abril que fomos vendo os horrores de nossas políticas públicas sendo decepados. Mas já dizíamos, nestes primeiros tempos, que o Cine Bijou seria um espaço de resistência para o cinema nacional, um bunker.
Alguns meses depois e já temos parte deste horror declarado: nosso cinema nacional agoniza e precisamos resistir.
É pelo futuro, é pela história. É pela nossa dignidade. Talvez não precisássemos de mais uma sala de cinema na cidade de São Paulo. Mas do Bijou precisamos!
E sobre os contatos com organismos públicos, embora tenhamos sido recebidos com o maior carinho e respeito do mundo, entendemos rápido. Não é tarefa do poder público. A resistência e a luta, neste momento, devem surgir em sentido oposto. Com liberdade e cidadania reconhecidas.
Continuamos precisando de vocês!
Ivam, onde encontro a programação do Cine Bijou?
Eu quero ir para assistir a qualquer coisa que passem, mas quais os horários das sessões, dias etc?
Obrigado e parabéns pelo lindo trabalho!
oi andre, ainda nao inauguramos o bijou. nas sayrianas fizemos o Satyricine, nosso festival de cinema, mas foi pontual. abertura pra valer só depois do carnaval.