O outro lado

Então chega o final do ano surgem as retrospectivas e a gente começa a vibrar pelos feitos e pelas conquistas.

Por aqui, tanto no Satyros quanto na SP Escola de Teatro, foram muitas. Prêmios internacionais – mais de um, vindos de lugares tão improváveis quanto Índia e Reino Unido – e reconhecimento de público e crítica, também fora do país.

Mas nenhum destes êxitos fará com que este 2020 tenha sido um dos anos mais tristes da minha vida.

Perdi três pessoas fundamentais, que sempre me impulsionaram: Lucia Camargo , Gilberto Dimeinstein e Michel Fernandes. Que foram melhores amigos e melhores confidentes, também.

Ainda neste 2020, foram-se vários amores, destes que a gente guarda no peito: Eduardo Galvão, Emilio Di Biasi, Francisco Carlos, Jane Di Castro, Maria Alice Vergueiro, Miss Biá e Rosaly Papadopol.

E muita gente que me inspirou: Aldir Blanc, Antonio Bivar, Carlos José, Cecil Thiré, Evaldo Gouveia, a portuguesa Fernanda Lapa, Flavio Migliaccio, Gésio Amadeu, Iacov Hillel, Jane Di Castro, Jonas Mello, José Mojica Marins, Lan (cartunista), Leonardo Villar, Moraes Moreira, Nicette Bruno, Nirlando Beirão, Sergio Sant’Anna, Suzana Amaral, Vania Toledo, Vanusa, Zuza Homem de Mello e os portugueses Fernanda Lapa e Pedro Lima.

Importante: só listei nomes de pessoas que eu conheci pessoalmente, em uma ocasião ou outra, que mantive alguma relação; muitas delas com alguma intimidade, até.

E, em retrospectiva, tentando me lembrar delas, me certifico de que são muitas, muita gente! E prevendo que nesta lista, certamente, faltará algum nome que eu não tenha lembrado agora. O que é triste também.

Como conviver com tanta perda? Por isso o momento por aqui, na nossa casinha no meio do mato, é de silêncio. Estamos apenas eu, Rodolfo e nossos bichos. São muitos, além do Chico e da Cacilda. Vivem conosco os saguis, os lagartos, os morcegos, muitos pássaros e, desde há um mês, a gata Neuza Aparecida, que surgiu do meio do mato para nos trazer amor.

E assim a vida segue. Triste, na verdade. Porque não tem sido fácil continuar esta caminhada. Muitas vezes, até, com uma sensação de que perdemos o jogo e isso dá um aperto no coração.

Por outro lado, é pela Lucia, pelo Gilberto, pelo Michel e por toda essa gente incrível que eu nominei aí em cima, que temos o dever de continuar escrevendo a história desse tempo tão triste. Para que o futuro surja com oportunidades de mudança que todos merecemos, com muito menos desigualdade.

E que tenhamos nossas vidas de volta e que estejamos todos vacinados e imunizados o mais rápido possível.

Amém!

*** Na foto em destaque, com Michel Fernandes e Alberto Guzik, Paraty, 2004

 

Com Lucia Camargo, em 2014
Com Gilberto Dimenstein, em 2012
Com Dea Loher e Michel Fernandes, 2004
Ator, roteirista e cineasta. Co-fundador da Cia. Os Satyros e diretor executivo da SP Escola de Teatro.
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