Artista do Satyros reestreia Todos os Sonhos do Mundo, primeira obra virtual na pandemia
O ator Ivam Cabral está de volta com seu espetáculo solo Todos os Sonhos do Mundo, que foi a primeira produção do teatro a se adaptar ao formato digital no Brasil, com direção de Rodolfo García Vázquez.
Ivam estreou a peça em 20 de março, no formato live em seu Instagram, bem no começo da pandemia da Covid-19 no Brasil. Foi o primeiro artista a abraçar as lives de forma profissional no pós-pandemia, abrindo essa nova linguagem.
Agora, ele volta com a peça neste domingo (26) no Espaço Digital dos Satyros na plataforma Sympla, com sessões aos domingos, 20h, e às segundas, 21h.
No mesmo espaço digital, ele está ainda em cartaz em outra peça de seu grupo, a Cia. de Teatro Os Satyros, A Arte de Encarar o Medo, sextas e sábados, 21h, e domingo, 16h.
Na montagem que fala da pandemia e já foi vista por mais de 10 mil pessoas no mundo todo, ele contracena com Nicole Puzzi e outros 15 atores da Cia. de Teatro Os Satyros, fundada por ele e pelo diretor Rodolfo García Vázquez em 1989.
Em entrevista ao jornalista Miguel Arcanjo Prado, Ivam Cabral adiantou que A Arte de Encarar o Medo vai ganhar versão internacional em inglês, com atores africanos e europeus, e em setembro ganha montagem com atores nos Estados Unidos.
Sobre se manter tão ativo, ele citou o poeta português Sidónio Muralha: “Parar. Parar não paro. (…) Correr, sim, mas sem tropeço. Mas se tropeçar não paro. Não paro nem mereço”.
O ator paranaense radicado em São Paulo reforçou o assunto que trata Todos os Sonhos do Mundo. “O tema é importantíssimo. Falar da depressão é urgente”, declarou.
Ao responder sobre ser pioneiro no teatro digital, Ivam Cabral afirmou: “Me sinto no meio de uma tempestade, tentando conduzir com alguma serenidade meu barco, com minha tripulação e passageiros. Sinto que dependem de mim”, disse.”
No caso, são vidas que precisam desta minha serenidade para conseguirem seguir com suas vidas. Trabalho com centenas de pessoas que dependem do meu trabalho, da minha visão, das minhas estratégias”, pontuou o artista, que ainda dirige a SP Escola de Teatro.
Sobre quem critica o teatro na internet, ele respondeu: “Enquanto estiverem discutindo se ‘é ou não é teatro’ eu já estava fazendo. Sou um artista essencialmente do teatro. Nunca fiz televisão e tenho apenas um trabalho como ator no cinema. Se o que eu faço no mundo digital não é teatro, não sei o que seria teatro”.
Ivam ainda se definiu como “um sonhador obsessivo” e disse que “temos, ainda, muita potência para a reinvenção do mundo”. Para ele, estes tempos horríveis passarão.“
Este tempo de retrocesso é tempo, nada mais do que isso. E vai passar. Se observarmos, perceberemos esses movimentos na história da Humanidade. Mas o que ficará, certamente, serão os olhares para a empatia, claro que sim. Temos futuro!”, concluiu.
Fonte: O Fuxico