2012 será sempre um ano de festa. Afinal, não é toda hora que Leonard Cohen dá suas caras. Sabático, aos 77 anos, o músico e poeta canadense acaba de lançar “Old Ideas”, seu 12º disco. E, no Brasil, a Cosac Naify publica “A Brincadeira Favorita”, escrito em 1963, primeiro romance de Cohen, até então inédito no País.
“A Brincadeira Favorita” conta a história de Lawrence Breavman, espécie de alter ego do autor, desde seu nascimento em uma pequena comunidade judia em Montreal, até sua estadia um tanto conturbada em Nova York.
Com inspirações autobiográficas, o livro é triste. E cheio de silêncios também. Fragmentado, composto de pequenos capítulos, sua linguagem, cinematográfica, é cheia de metáforas e carregada de imagens.
“A Brincadeira Favorita” tem o compasso de um longo poema. Com narrativa enxuta e não convencional, a obra, recheada de lirismo e muita ironia, fala de uma geração sem perspectivas, desolada e abandonada pelos seus projetos sempre fracassados.
Eu até gostaria de falar mais sobre este livro de Cohen. Mas foi Guilherme Freitas, subeditor do caderno Prosa & Verso do jornal O Globo, quem melhor entendeu a obra. Conheça a opinião de Freitas clicando aqui.
TRECHO:
Dos sete aos doze é um grande pedaço da vida, cheio de tédio e esquecimento. Dizem que lentamente vamos perdendo o dom de falar com os bichos, que os pássaros já não visitam nossa janela para conversar. Conforme os olhos vão se acostumando a ver, blindam-se contra a fantasia. Flores que eram do tamanho de um pinheiro voltam para os vasos de barro. Até o terror diminui. Gigantas e gigantes do quarto de infância encolhem-se em professoras chatas e pais piedosos. Como seria a aparência dos corpos?
“A BRINCADEIRA FAVORITA”, DE LEONARD COHEN
Cosac Naify