
“As Coisas – Uma História dos Anos Sessenta” é o romance de estreia de Georges Perec (1936- 1982). Escrito em 1965 – e só agora publicado no Brasil –, conta a história de um jovem casal, os inteligentes e ambiciosos Jérôme e Sylvie, loucos pelo consumismo, a grande personagem da obra.
Embora – e indiscutivelmente – relevante, este “As Coisas”, de Perec, me parece um tanto datado. A grande questão dos protagonistas – que transitam entre o desejo de uma vida não convencional e a necessidade de ganhar dinheiro –, soa, nos dias de hoje, um tanto vazia. Talvez porque o que poderia causar estranheza na época em que foi escrito – e embora ainda não superado – não nos surpreende (ou aterroriza) mais como se poderia supor.
“As Coisas” fala da sociedade de consumo, sobretudo, a partir de uma visão marxista. O que nos anos 1960 era um projeto, em tempos de Apple e compras virtuais tornou-se motor. Assim, questões colocadas há 50 anos – e que, à época eram assustadoras – hoje fazem parte do nosso cotidiano. O desejo estudado como utopia tornou-se, literalmente, sua tradução.
Desta forma, parece um tanto água com açúcar, o conflito de nossos protagonistas que, depois de um tempo vivendo em uma grande cidade, optam por uma temporada nas colônias africanas em busca de tranquilidade e qualidade de vida para, em seguida, retornar, fatigados, ao mesmo lugar.
“AS COISAS: UMA HISTÓRIA DOS ANOS SESSENTA”, DE GEORGES PEREC
Companhia das Letras