Então eu soube, logo que voltei de umas férias em Portugal, no ano passado, que Miguel Barbosa, o nosso amigo, escritor, dramaturgo e artista visual, estava a viver na Casa do Artista, em Lisboa. Deu um aperto no coração quando recebi a notícia. Um misto de culpa por nunca mais tê-lo procurado.
Miguel foi muito importante em nossa vida. Lá no início dos anos 1990, fomos apresentados a ele que chegou a assistir espetáculos nossos no Teatro Bela Vista, na rua Major Diogo, em São Paulo. Em nossa fase lisboeta, encenamos “Rusty Brown em Lisboa”, a partir de sua obra homônima.
Além de artista plástico, Miguel era paleontólogo. Sua coleção está exposta no Museu de História Natural de Sintra, no Centro Histórico da Vila. Um homem muito, muito importante. Condecorado em Portugal, no Brasil, na França e nos Estados Unidos.
Estou no Porto e, daqui, sigo para Rio Maior, na segunda. Ontem, decidi: sim, iria visitar o Miguel. Haveria uma única possibilidade . Se saísse daqui no domingo e dormisse em Lisboa, na segunda cedo poderia ir vê-lo.
Querendo saber endereço e horários de visita, lembro-me que na época em que soube que Miguel estava a viver no Casa do Artista, localizei no Facebook uma fanpage da instituição. É para lá que vou.
—Boa tarde. Tenho um amigo querido que reside aí, na Casa do Artista. Gostaria de visitá-lo. Podem me informar o horário de visita?
Não demorou para que me dessem a informação:
— Das 9 às 20h.
Quero me certificar se Miguel realmente está a viver ali:
— Sou brasileiro e estou no Porto. Iria a Lisboa apenas para visitá-lo brevemente. Podem me informar se o Miguel Barbosa está a vive aí?
A resposta não demora a chegar:
— Acontece que o senhor Miguel Barbosa faleceu ontem, mas a esposa está muito consternada pelo acontecimento.
Miguel, nascido em 1925, era casado com dona Fernanda há mais de 60 anos e eu nem consigo imaginar o tamanho de sua dor e consternação…
Nossa, que história triste!
infelizmente, :-((