Eu conhecia o Michel há muito, muito tempo. Chegamos a ser muito íntimos também. Tipo dormir na casa do outro, sabe? Lá atrás, 2005 talvez, viajamos juntos pra Alemanha, pra Paraty (muitas vezes) e sonhamos muitas coisas juntos, também. Nos últimos tempos não estávamos tão grudados, mas sempre íntimos. Nos falávamos com alguma frequência por telefone; a última, na semana passada. Criador do Prêmio Aplauso Brasil, fui homenageado na edição de 2017 com o Prêmio Especial, ao lado de Ruth de Souza, Renato Borthi e Etty Frazer, vejam só que louco que era o Michel. Na época, quando soube da homenagem, falei com ele que era um absurdo me colocar ao lado deste time. Apaixonado pela vida e pelo teatro, como poucos, foi o grande responsável para que eu entendesse a minha depressão. Foi ele quem me presenteou com “O demônio do meio-dia”, o livro de Andrew Solomon que eu li em 2002 e que modificaria totalmente a minha vida. Inclusive resultando agora em “Todos os Sonhos do Mundo”, o solo que venho apresentando em live, na minha conta do Instagram. Identificado com transtorno depressivo desde que descobriu a sua doença, no final dos anos 1990, e que o levaria à cadeira de rodas, Michel me fez entender que eu precisava de cuidados médicos e o livro do Solomon foi a gota definitiva para o meu processo de tratamento. Era um amigo muito atencioso e querido. Estava sempre muito perto de todos quando sentia alguma coisa errada. Vou sentir muitas saudades de seus conselhos sábios e de sua ingenuidade sempre inspiradora. Vai com Deus, irmão.