Era pedreiro, analfabeto, casado com uma costureira e teve seis filhos: quatro homens, duas mulheres.
Sua maior frustração foi não ter conseguido que nenhum de seus filhos seguisse a sua profissão. Ele amava o que fazia! Orgulhava-se de ter construído pontes, mais de uma. E casas, muitas.
Gostava de pássaros e de música, embora, em sua vida inteirinha, não conseguisse cantar uma única canção.
Passou quase a vida toda vivendo num mesmo endereço, mas sonhava, diariamente, em se mudar dali. Fazia planos, criando estratégias mirabolantes, para sair daquele lugar. Nunca conseguiu.
Gostava de criar e contar histórias. As de suspense e de terror eram as suas preferidas. Em suas histórias, as capivaras sempre foram os seres mais perigosos do planeta inteirinho!
Era vaidoso. E, embora não conseguisse ler e escrever absolutamente nada, tinha sempre uma caneta de ouro na lapela do paletó preto que vestia, religiosamente, aos sábados.
José Francisco era o seu nome. Se vivo hoje, estaríamos comemorando seu 100° aniversário, nasceu em 1921.
Era meu pai e morreu em 1999, tendo certeza, absoluta mesmo, de que o mundo acabaria no ano seguinte.