Lenise Pinheiro
Artistas não mudam de profissão. Seguem com a força adquirida pela prática do ofício onde quer que estejam. Naturalmente, nessa pandemia a necessidade faz com que se incorpore outras funções. Imagina-se que um trapezista utilize sua força e fazendo uso da habilidade conquistada em anos de treino, agora pode seguir temporariamente ajudando a construir casas ou fazendo pães, singrando os ares da imaginação. E ao entoar o mantra fé e esperança, segue acreditando que o picadeiro é o seu lugar. O sustento, ainda que vulnerável, segue como desafio do cotidiano. É preciso ser forte, procurar a luz e acreditar ser possível salvar o mundo.
Os Teatros programam a reabertura em modo virtual. Programas ao vivo. Mas pode chamar de Live.
Não são raros os casos de sorteios e prendas para reconquistar o público e aqueles que objetam a nova forma de expressão. Configurações e aplicativos agora reúnem os participantes que aos milhares se aglomeram em salas virtuais. Noticiosos dão conta de prêmios em dinheiro e automóveis. O sorteio de um automóvel Mercedes Benz é anunciado.
Há muito tempo uma diretora de teatro conhecida pelo bom humor utiliza esse estratagema como chiste. Provocativa, em uma entrevista, relata que a produção para atrair público nas estreias, anuncia brindes como carros zero quilômetro. O tom de pilhéria, na voz dessa artista visionária.
Num futuro, mesmo que distante a crença na arte, traz motivação. As lives servem de via de mão dupla para atrizes e atores, cantoras e cantores, músicos, mestres cuca, floristas e demais profissionais que se embrenham pelo fantástico universo dos lúmens e das lentes. Nesse registro se encaixam novas produções via internet. Com resultados surpreendentes. A possibilidade de reunir público de diferentes localizações e origens, instiga os criadores e a plateia virtual. Num encontro online, é conhecido o fluxo de pessoas, as telas de computadores ou telefones celulares, promovem encontros de amigos antigos e propiciam também múltiplas conexões. Vídeos e áudios ativados.
Espaços abertos para a poesia, o canto e tudo mais….O som do universo…Com o Grupo Os Satyros a máquina em cartaz…Gratiluz. Sugere boas energias. Espaço aberto para a reflexão e denúncia. Chega de guerra, assassinatos de crianças, ataques contra a natureza e corpos em valas comuns.
Mutilações. Abusos sexuais. Traumas. O sentimento de angústia frente a banalização da violência. Seres humanos em situação de conflito…Gente sem máscara, beócios em desfile. Rajadas de tiros.
Chama a atenção a falta de empatia. Ouve-se negações a torto e à direita!
“O que faz andar a estrada? É o sonho. Enquanto a gente sonhar, a estrada permanecerá viva. É para isso que servem os caminhos, para nos fazerem parentes do futuro”. Mia Couto
Nem sempre o áudio é perfeito, o som pode ficar opaco, “música embolada nos graves”… Por isso é perfeito para o momento?
Estatísticas e alternativas para melhor viver.
Padre Júlio Lancellotti quebra pedras em protesto.
Frente a tantas demonstrações de ódio…Canções.
A arte digital (re)existe. Gestos de generosidade e conexão.
Emocionados e virtualmente de mãos dadas.
Artistas dispostos a salvar o planeta:
“É preciso sair amando todo mundo”!
Serviço
Espaço Satyros Digital
UMA PEÇA PARA SALVAR O MUNDO
Direção Geral: Rodolfo García Vázquez / Dramaturgia: Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez / Assistente de Direção: Cadu Cardoso / Atuante | Mestre de Cerimônia convidado: Thiago Mendonça / Abertura: Ivam Cabral / Designer: Henrique Mello / Produtor: Silvio Eduardo / Assistente de Produção: Janna Julian / Secretariado e Social Media: Isabella Garcia / Administração: Rodolfo García Vázquez / Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany
Temporada até 27 de maio 2021
Sextas Sábados e Segundas 19h Domingos 16h
WWW.SYMPLA.COM.BR/ESPACODIGITALDOSSATYROS
Fonte: Cacilda Blog de Teatro/Folha Online, 9 de maio de 2021