Nossa, foram tantas histórias. Tantas! Gilberto foi uma das pessoas mais importantes da minha vida. Não apenas profissional – trabalhamos muito juntos – , mas, e principalmente, porque me ajudou a pensar que o mundo em que eu vivia precisava de mim. Parece pouco, mas faz toda a diferença. Porque era exatamente assim que Gilberto se colocava diante do mundo.
Nos últimos 20 anos, Gilberto foi figura central na minha vida. Falávamos sempre, até no início desta semana. Chamava-o de conselheiro pessoal. Sempre que tinha algum problema grave, era com ele que desabafava.
Quando descobri um carcinoma na tireoide, uns anos atrás, Gilberto me ligava quase todos os dias, preocupado com a minha saúde. Misteriosamente – e porque o destino é previsível, na verdade –, fui tratado por seu irmão, que trabalha com medicina nuclear no Albert Einstein, num dos momentos mais difíceis da minha vida.
Nossa, o que esse cara fez para cidade de São Paulo, acho que vocês não têm ideia. Interferia em tudo, falava com todo mundo, era poroso e amigo leal.
Gilberto foi quem me apresentou ao mundo político. De José Serra a Carlos Giannazi e de Danilo Miranda a Fernando Haddad, costumava me dizer:
— Você precisa ter o contato pessoal desses caras, o celular deles.
Levei muito a sério o aprendizado. Comeci a colecionar contatos pessoais de pessoas inimagináveis, passei a pensar que o mundo não se dividia em bandeiras partidárias e saí pra conversar com o diferente, com quem não pensava exatamente como eu pensava. Então a vida fez mais sentido e o mundo, enfim, precisou de mim.
Vai com Deus, meu querido. Continuaremos por aqui com o seu melhor aprendizado. Obrigado por tudo.
+ Na foto, de Andre Stefano: Contardo Calligaris, Reynaldo Gianecchini, eu e Gilberto Dimenstein, no Satyros, talvez em 2014.
