De 11 a 21 de julho, a edição deste ano exibe 10 longas e 12 curtas inéditos na Mostra Competitiva. Plataforma para cineastas emergentes e filmes independentes, o evento fortalece a diversidade.
Com sua rica trajetória e compromisso contínuo com a democratização do acesso ao cinema, o Festival SatyriCine Bijou reafirma sua importância como um dos eventos culturais mais significativos de São Paulo. A edição de 2024 acontece de 11 a 21 de julho na Sala Patrícia Pillar do Cine Satyros Bijou, e exibe 10 longas e 12 curtas inéditos de cineastas emergentes na Mostra Competitiva, além da Mostra Homenagem, celebrando a atriz Gilda Nomacce, aos 40 anos de carreira e mais de 100 personagens. A entrada é gratuita.
A abertura acontece no dia 11 de julho, às 20h30, com um coquetel para convidados, seguido da exibição do filme Os Humores Artificiais, da Mostra Homenagem, show musical e apresentação da programação do festival.
O júri deste ano será composto por Aimar Labaki, Jeferson De, Julia Bobrow, Luh Maza e Tuna Dwek. A cerimônia de premiação está marcada para o dia 20 de julho, às 20h30, com coquetel, exibição do filme Lilith, da Mostra Homenagem, entrega de troféus e show musical. No dia 21 de julho serão reexibidos os filmes premiados na Mostra Competitiva. Os competidores, tanto curtas quanto longas, concorrem em 13 categorias: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhores Intérpretes, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia, Melhor Montagem, Melhor Trilha Musical, Melhor Direção de Arte, Melhor Desenho de Som e Prêmio Especial do Júri (caso houver).
O Festival SatyriCine Bijou não apenas celebra o cinema, mas também desempenha um papel crucial na promoção da cultura e do pensamento crítico no Brasil. Ao oferecer uma plataforma para cineastas emergentes e filmes independentes, o festival fortalece a diversidade e a inovação no setor audiovisual. Além disso, as homenagens e os debates promovidos durante o evento fomentam um diálogo intergeracional e enriquecem a compreensão do cinema como um espelho da sociedade.
“Quando recebi o telefonema do Ivam Cabral me contando da homenagem, fiquei muito comovida e voltou como um filme na minha mente que, há exatos 30 anos, eu estava com Os Satyros me apresentando em Lisboa no teatro. Agora ser homenageada no cinema por quem faz parte da minha história, é muita alegria e honra”, comenta a atriz.
Homenagem especial: Gilda Nomacce
A edição de 2024 homenageia a atriz Gilda Nomacce com o Troféu Helena Ignez. Além disso, o festival promove uma Mostra Homenagem, com a exibição de alguns dos principais trabalhos da atriz, como o longa Ausência (2014), com direção de Chico Teixeira, e o curta O Duplo (2012), dirigido por Juliana Rojas.
Gilda é uma veterana do cinema e teatro brasileiros, conhecida por sua atuação versátil e presença constante em obras de cineastas independentes. Nascida em Ituverava, interior de São Paulo, Gilda descobriu seu dom para a atuação ainda na infância. Formou-se na City Lit School of Art, em Londres. Nos Estados Unidos, realizou residência artística no Watermill Center, coordenado pelo encenador Robert Wilson, e, em 2009, fez nova imersão em Moscou, no teatro de Tabakov. No Brasil, integrou o Centro de Pesquisa Teatral (CPT), coordenado por Antunes Filho, durante cinco anos, atuando em montagens como Fragmentos Troianos e Medeia, de Eurípedes.
Em 2003, ao lado de atores do CPT, fundou a Companhia da Mentira, cujo primeiro trabalho foi O que Você foi Quando era Criança?, de Lourenço Mutarelli, direção de Donizeti Mazonas e Gabriela Flores, indicado ao prêmio Shell de melhor texto e aclamado pela crítica especializada. Em 2007, o grupo montou Soslaio, de Priscila Gontijo. Em 2009, realizou a montagem Music-Hall, de Jean-Luc Lagarce. Nesse mesmo ano, na Cia. Os Satyros, atuou em Safo, de Ivam Cabral, com direção de Silvanah Santos.
No cinema, Gilda atuou no curta-metragem Um Ramo, direção de Marco Dutra e Juliana Rojas, premiado na Semana da Crítica do Festival de Cannes em 2007. Também participou de Um Sem um Segundo, direção de Sabrina Greve, e do vídeo Como Manter um Nível Saudável de Insanidade, sucesso na internet, de Rafael Gomes e Mariana Bastos. Dirigida por Helena Ignez, participou do longa-metragem Luz nas Trevas em 2010. Sua parceria com a cineasta paulistana Juliana Rojas resultou em filmes como Trabalhar Cansa (2011) e As Boas Maneiras (2017).
Em 2014, atuou ao lado de Regina Duarte no longa-metragem Gata Velha Ainda Mia, de Rafael Primot, e no longa-metragem Quando Eu Era Vivo, de Marco Dutra, com Antônio Fagundes, Marat Descartes e Sandy Leah. Ainda em 2014, participou da montagem de Gotas d’água Sobre Pedras Escaldantes, de Rainer Werner Fassbinder, dirigida por Rafael Gomes, ao lado dos atores Luciano Chirolli, Felipe Aidar e Nana Yazbek, pela qual foi indicada ao Prêmio Shell. Em 2015, participou do filme Califórnia, dirigido por Marina Person.
Participou de festivais internacionais integrando o elenco de filmes brasileiros premiados nesses eventos, como Três Tigres Tristes (2022 – Teddy Award, Berlim), As Boas Maneiras (2017 – Prêmio Especial do Júri, Locarno), Os Humores Artificiais (2016 – EFA Award, Berlim), Meu Nome é Bagdá (2020 – Grand Prix Generation, Berlim) e Céu de Agosto (2021 – Menção especial da competição oficial, Cannes), entre outros. Entre os projetos mais recentes estão a segunda temporada de Cidade Invisível (Netflix) e Desejos S.A. (Star+).
Sua habilidade em interpretar uma ampla gama de personagens, sempre trazendo uma intensidade única para cada papel, continua a encantar o público. Gilda Nomacce permanece como uma figura influente e respeitada na cena artística brasileira, continuando a inspirar novas gerações de atores e cineastas com seu talento e comprometimento com a arte da atuação.
“Enquanto tento entender o que move cada personagem, estou vasculhando cada costura que fiz em mim. Rasgo e desembaraço, uma personagem atrás da outra – em muitas me encontro e me abraço. Certamente a cada vez me disfarço para revelar tudo de mim”, explica Gilda.
Sobre Os Satyros
Desde o ano 2000 instalados no endereço atual, o grupo Os Satyros foi um dos responsáveis pelo movimento de revitalização da praça Franklin Roosevelt, na região central da cidade. O local, até então marcado por altos índices de criminalidade e abandono social, se tornou exemplo de como o envolvimento de todo o corpo social de uma área pode mudar a realidade da região. Ao longo de mais de três décadas de carreira, a Cia. desenvolveu uma linguagem cênica pautada por críticas sociais.
Histórico do Festival
O Festival SatyriCine começou em 2008, inicialmente como parte do evento multicultural Satyrianas, organizado pelo coletivo Os Satyros desde 2000. As exibições sempre foram gratuitas, acontecendo em diversos espaços culturais de São Paulo, como a Praça Roosevelt e o Cine Bijou. O Cine Bijou, inaugurado em 1962 e fechado em 1996, foi reaberto em 2019 como Cine Satyros Bijou – Sala Patricia Pillar. Este espaço histórico se tornou o lar do festival, que desde então continua a promover o cinema alternativo e experimental. Em 2020, durante a pandemia, o festival se adaptou ao formato digital, recebendo 98 filmes de diversas partes do mundo. Em 2021, ainda no formato online, exibiu 83 filmes, com um júri diversificado e debates sobre a indústria cinematográfica. Com a reabertura do Cine Satyros Bijou em 2022, o festival retornou ao formato presencial, apresentando 25 longas e 16 curtas-metragens e homenageando Ney Matogrosso. Em 2023, a terceira edição da Mostra Competitiva exibiu 15 curtas e 10 longas, homenageando Zezé Motta e Silvio Tendler.
Anote em sua agenda:
Festival SatyriCine Bijou
De 11 a 21 de julho de 2024
Abertura: 11 de julho, às 20h30.
Premiação: 20 de julho de 2024, às 20h30.
Local: Cine Satyros Bijou – Sala Patricia Pillar, Praça Roosevelt, 172, São Paulo, SP.
Entrada gratuita: os ingressos devem ser retirados na bilheteria do cinema uma hora antes de cada sessão.
Fonte: ETC Notícias