Tradicional Festival de Curitiba, o maior evento de artes cênicas do país, retorna às apresentações presenciais em 2022. Confira algumas indicações de peças imperdíveis da Mostra Lúcia Camargo, a principal do festival.
por Maura Martins
Nas próximas duas semanas, Curitiba pulsará cultura em todos os cantos da cidade. Depois de dois anos, o Festival de Curitiba está de volta às apresentações presenciais de teatro e artes cênicas. Por conta da pandemia de COVID, em 2020, as peças ocorreram online e, em 2021, o evento não ocorreu.
O festival, que celebra em 2022 a sua 30ª edição, ocorrerá entre os dias 29 de março (aniversário de Curitiba) e 10 de abril. Serão no total mais de uma centena de atividades, incluindo a mostra principal com 23 peças, apresentações ao ar livre, espetáculos circenses e atrações musicais. Quem já participou dos eventos anteriores, sabe que estes dias são momentos ricos para circular pela cidade e, eventualmente, cruzar com um espetáculo sendo montado.
Escotilha preparou uma pequena curadoria de peças na Mostra Lúcia Camargo, considerada a central do evento – o que não significa, é claro, que as peças não contidas aqui, nessa e outras mostras, não sejam igualmente de qualidade. Vale lembrar que uma das melhores experiências com o Festival de Teatro é justamente a de experimentar cultura.
Confirma algumas das nossas indicações:
‘G.A.L.A.’, de Gerald Thomas
Cena de ‘G.A.L.A.’. Imagem: Nicolas Caratori.
Muita gente está ansiosa para ver esta peça, que foi escrita durante a pandemia por Gerald Thomas, um dos mais respeitados e controversos diretores de teatro do país (embora seja, de nascença, norte-americano). O espetáculo promete marcar uma espécie de ruptura de Thomas com o dramaturgo Samuel Beckett, a maior referência de sua carreira.
G.A.L.A. é um monólogo de uma mulher (vivida pela atriz Fabiana Gugli) que está à deriva em um barco, e faz uma análise sobre a sua vida. Trata-se, no fundo, de uma reflexão autobiográfica do próprio Thomas.
Local: Guairinha. Dias 29 e 30 de março, às 21h.
‘Tudo’, de Guilherme Weber
O ator e diretor Guilherme Weber. Imagem: Gshow.
O ator curitibano Guilherme Weber faz uma pré-estreia do espetáculo que dirige no Festival. A peça se centra em 3 fábulas morais, que se unem a partir de uma investigação da relação do homem com o poder.
Local: Teatro da Reitoria. Dias 1º e 2 de abril, às 21h
‘Pessoas Brutas’, de Os Satyros
Cena de Pessoas Brutas. Imagem: André Stefano.
O tradicional grupo paulista Os Satyros, que completa 33 anos em 2022, retorna ao Festival de Teatro com várias peças. Uma de nossas indicações é este espetáculo que vem à cidade pela primeira vez. Pessoas Brutas compõe uma espécie de trilogia com outras duas peças, chamadas de Pessoas Perfeitas e Pessoas Sublimes.
Dirigida por Rodolfo García Vázquez, Pessoas Brutas tem um tema que é bem conhecido dos brasileiros: ela fala sobre as possibilidades de haver ética em um país onde as relações sociais foram devastadas. Esquemas de rachadinha, corrupção, sequestros e violência estão presentes no espetáculo.
Local: Teatro Zé Maria. Dias 5 e 6 de abril, às 21h.
‘Till, A Saga de um Herói Torto’, do Grupo Galpão
Cena de Till, a Saga de um Herói Torto. Imagem: Guto Muniz.
Quem já assistiu a alguma peça do Grupo Galpão, de Minas Gerais, sabe porque eles são uma das principais trupes de teatro do país. Não por acaso, esta é considerada uma das peças principais do evento, pois celebra os 40 anos do Galpão.
Till, a Saga de um Herói Torto retorna à cidade depois de doze anos. A peça conta um anti-herói malandro, mas irresistível – aos moldes do Macunaíma, de Mario de Andrade, ou mesmo do famoso Pedro Malasartes das histórias infantis.
Na peça, Deus e o Demônio fazem uma disputa e resolvem trazer de volta ao mundo a alma de Till, para testar como seria a vida humana desprovida de qualidades. Uma comédia imperdível.
Local: Teatro da Reitoria. Dias 4 e 5 de abril, às 21h.
‘O Mistério de Irma Vap’, de Jorge Farjalla
Cena de O mistério de Irma Vap. Imagem: Marco Griesi.
O Mistério de Irma Vap é um dos maiores sucessos do teatro mundial. No Brasil, já teve várias montagens, e ficou muito célebre na versão com Ney Latorraca e Marco Nanini, que permaneceu 11 anos em cartaz. A comédia volta a Curitiba a partir da direção de Jorge Farjalla, com Mateus Solano e Luiz Miranda nos papéis principais, e trilha sonora de André Abujamra.
Local: Guairão. Dias 2 de abril, às 21h, e 3 de abril, às 19h.
‘Aurora’, de Os Satyros
Cena de Aurora. Imagem: André Stefano.
Mais uma peça do cultuado grupo paulista. Aurora, que é dirigido por Rodolfo García Vázquez, se centraliza no cotidiano dos moradores de um prédio localizado no centro de São Paulo para refletir sobre os limites da vida e das escolhas dessas pessoas.
Local: Teatro Zé Maria. Dias 7 e 8 de abril, às 21h.
‘A Hora da Estrela ou O Canto de Macabea’, de André Paes Leme
Cena de A Hora da Estrela ou O Canto de Macabea. Imagem: Daniel Barboza.
Montagem da obra clássica de Clarice Lispector, A Hora da Estrela ou O Canto da Macabea visita a conhecida história da nordestina que migra para a cidade grande e vive uma vida medíocre. O espetáculo tem como uma das atrações a trilha original do músico Chico César.
Local: Guairão. Dias 9 de abril, às 21h, e 10 de abril, às 19h.
‘Quarto 19’, de Amanda Lyra e Leonardo Moreira
Cena de Quarto 19. Imagem: Cris Lyra.
Monólogo montado a partir do conto “To Room Nineteen”, da escritora britânica Doris Lessing, vencedora do prêmio Nobel. Aqui, entramos em contato de uma mulher que, aparentemente, tem a vida perfeita: é bem casada, tem três filhos lindos e uma bela casa. Mas quando o filho mais novo entra para a escola, algo começa a lhe irritar na vida doméstica. Para se livrar disso, ela aluga o quarto 19 de um hotel no centro da cidade.
Local: SESC da Esquina. Dias 5 e 6 de abril, às 21h.
Fonte: Escotilha