De onde eu vim?

Minha família é muito antiga. Aliás, eu sou muito antigo. Nasci em 1963, meus pais nos anos 1920 e meu avós no século XIX. Sempre soubemos muito pouco das nossas origens porque, quando nasci, só tinha um dos meus avôs vivo, que morreria na minha adolescência.
 
Em determinados momentos de nossas vidas, eu e meus irmãos tentamos desvendar os mistérios das nossas ancestralidades, mas nunca conseguimos avançar.
 
Recentemente, ganhei de presente um teste de DNA da Genera, uma empresa que trabalha com diagnósticos genéticos. Incrível o que aconteceu. De repente, um mundo de curiosidades se abriu diante de mim.
 
Descobri, por exemplo, que meu código genético é muito, muito complexo. Um dos mais complexos que eu já vi, inclusive. Por exemplo, 81% de meu DNA vem da Europa; dos quais:
 
— 37% entre Portugal e Espanha
— 28% da Itália e Sardenha
— 5% do Leste Europeu (algo entre Polônia, Hungria, e Ucrânia)
— 5% Europa Ocidental (entre França, Alemanha, Holanda, e Reino Unido)
— 3% Balcãs (entre Bulgária e o extremo oeste da Turquia)
— 3% da Fenoscândia (entre Suécia, Noruega, Finlândia e uma parte do noroeste da Rússia)
— 2% Basco (extremo norte da Espanha e sudoeste da França)
 
Mas, como mistura pouca é bobagem, descobri também que 7% de meu desenho genético vem das Américas, entre Amazônia, Bolívia e Colômbia.
 
Pra minha alegria, foi constatado que 3% de minha origem vem da família linguística Tupi-Guarani; e 2% dos povos nativos norte-americanos, aqueles que já habitavam a América do Norte, antes da colonização europeia.
 
Para continuar essa fascinante bagunça genética, tenho 7% de meu DNA vindo do Oriente Médio, entre Marrocos e Turquia, na divisa entre Ásia e África, na região da Anatólia.
 
Para completar, descubro que 6% da minha ancestralidade vem da África, entre Costa da Mina (uma das principais regiões de origem de africanos escravizados que foram trazidos para o Brasil entre o século XVIII e início do XIX, tendo como destino preferencial a Bahia); e Nilotas, região da bacia do Alto Nilo.
 
Agora vem a parte mais maluca de tudo isso. Sei lá se é por acaso, já estive em TODOS estes lugares onde meu código genético se formou. E isso, juro, me deixou arrepiado.
 
Estes testes são realizados, aqui no Brasil, pela empresa Genera, da Dasa – Diagnósticos da América SA, pioneira em biotech no Brasil.
Ator, roteirista e cineasta. Co-fundador da Cia. Os Satyros e diretor executivo da SP Escola de Teatro.
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