Desde sempre, na minha infância, tínhamos uma grande videira que florescia na primavera e dava frutos no verão. Então, Natal pra mim tem sempre a lembrança de uvas colhidas no pé.
Sempre achei as videiras mágicas. Porque elas passam muito tempo do ano secas e adormecidas. No inverno, são podadas para renascerem na primavera e fazerem a festa no verão. Entre o final do verão, outono inteiro e parte da primavera elas adormecem.
Bonito das videiras é que elas invadem tudo. No nosso quintal, subiam pelo telhado da casa, pelo abacateiro, por todos os lados. Então, os passarinhos também vinham fazer a nossa alegria em seus ramos, onde construíam seus ninhos e a vida parecia fazer todo sentido do mundo.
Por isso, e seria só por isso, Natal pra mim sempre foi sinônimo de renascimento. Os verdes das videiras são incrivelmente lindos, surgem em várias tonalidades. Os brotos surgem vibrantes e suas folhas, depois, passarão por várias matizes, todas as colorações, até secarem e virarem pó, literalmente, porque se desmancham com suas securas.
Na Quinta do Cabral, em Curitiba, onde vive a família do meu irmão Claudio, as videiras continuam a ser cultivadas. E, nesta época do ano, a família organiza passeios às vinhas para a colheita.
Nunca falei a respeito com o Claudio, mas presumo que, talvez inconscientemente, ao cultivar uvas, foi o jeito que ele encontrou para deixar em nós a chama viva dos Natais da nossa infância.
*** Fotos da minha cunhada, Silvia. E reparem bem no capricho da mesa deste piquenique. Pra vocês entenderem o meu post de ontem, quando disse que as arrumações das mesas mais bonitas do mundo inteirinho sempre estiveram com o pessoal da minha família.