Como a maioria de nós, passei o ano nas redes sociais. E se a internet até 2020 era um lugar árido e sem afetividade, mudei totalmente a minha compreensão sobre o assunto.
Dois grupos me conduziram com otimismo neste ano tão triste: o Rede de Leituras, comandado por Marcelo Airoldi e companhia; e o Artigo Quinto, um movimento suprapartidário criado por um grupo de artistas em defesa da arte livre, da liberdade de expressão e contra qualquer ameaça de volta à censura no Brasil.
Poucas vezes vi os artistas tão unidos e comprometidos com nosso tempo.
Mas queria deixar registrado aqui o trabalho de alguns companheiros. Serei injusto, assumo. Porque muito mais nomes deveriam ser listados. Mas não posso deixar de registrar três, pelos motivos que explicarei.
Os dois primeiros: Lavinia Pannunzio e Leonardo Ventura, que mantiveram, a partir de suas intervenções no Artigo Quinto, o programa Prólogo, na TV Democracia.
Um oásis em meio a tanta tragédia, o programa trouxe reflexões, cobranças e até homenagens.
A edição de ontem (21/12), fez uma homenagem a José Celso Martinez Corrêa. Vi com meus próprios olhos: “Isso que vocês estão fazendo agora me salva, me faz sentir vivo”, afirmou nosso decano.
Me emocionei e chorei várias vezes durante a transmissão que durou cerca de duas horas, com depoimentos emocionados de Danilo Miranda, Beth Coelho e Claudia Schapira, dentre tantos.
Marcelo Airoldi, ator, diretor e dramaturgo, reuniu em torno de seu projeto Rede de Leituras um verdadeiro movimento artístico, convocando artistas de várias tribos e inclinações artísticas, em um dos projetos mais incríveis do ano.
Mas talvez tenha sido a atuação de Regina Galdino, no Artigo Quinto, a mais surpreendente neste 2020 inteirinho. Além de atuação animosa junto à criação da Lei Aldir Blanc, Regina Galdino foi guerreira, na melhor acepção da palavra.
Não só nos assistiu nas batalhas das burocracias todas, como foi à luta na ajuda ao pessoal da classe que precisava preencher formulários para o auxílio emergencial.
Sim, entre nós, muita gente que não sabe ler e escrever, que atua de maneira discreta nas dezenas de funções das artes do palco, como costureiras e costureiros, aderecistas, camareiras e camareiros, dentre tantas.
E Regina Galdino foi à luta, sem medir esforços. Tanto, mas tanto orgulho dessa minha classe de trabalhadores!
Tenho consciência que deixo de citar muitos nomes que foram importantes nesta luta, deste estranhíssimo 2020.
Correndo o risco de ser injusto, queria fazer um afago nesse pessoal e dizer um muito obrigado do tamanho da esperança que todos nós depositamos no próximo ano.
Meu coração é todo gratidão.
*** Na foto, em sentido horário: Regina Galdino, Marcelo Airoldi, Lavinia Pannunzio e Leonardo Ventura
Querido Ivam, em nome da Rede de Leituras te agradeço. Uma honra ter vc ao lado nessa luta diária. Teu talento e resistência sempre
Nos inspiraram . Sigamos juntos . Muito
Obrigado