Adonis, pseudonimo de Ali Ahmed Said, é considerado o maior poeta árabe vivo. Nascido na Síria, em 1930, vive em Paris, após ter passado por Nova York.
Um dos principais tradutores do árabe para o francês, além de influenciar mais de uma geração de escritores árabes, Adonis contribuiu para a modernização de sua língua.
A Companhia das Letras acaba de publicar “Poemas” (256 págs., R$ 42,00), uma belíssima seleção de seus escritos organizada e traduzida por Michel Sleiman.
Dividida em 3 blocos – poemas de 1957-1968, de 1971-1988 e 1994-2003 –, a obra traz um importante apanhado de sua produção.
Para o autor, “a lírica representa uma forma de violação da língua; é a tentativa de obrigar a língua a dizer aquilo que a prosa jamais conseguirá exprimir”.
Com apresentação de Milton Hatoum, “Poemas” é importante, não apenas porque apresenta aos leitores brasileiros, pela primeira vez, a força deste que é um dos maiores porta-vozes da poesia árabe, mas também porque nos mostra que o escritor é, seguramente, um dos maiores nomes da poesia contemporânea.
TRECHO:
(…)
O que é o vento?
alma que não quer
habitar o corpo.
(…)
O que é a morte?
carro que leva
do útero da mulher
ao útero da terra.
(…)
O que é a lágrima?
guerra perdida pelo corpo.
(…)
O que é a memória?
casa habitada só
por coisas ausentes.
(…)
O que é a metáfora?
asa aliviando
no peito das palavras.
(…)
O que é a sorte?
dado
na mão do tempo.
(…)
– Clique aqui e leia um trecho do livro “Poemas”, de Adonis