Roberto Francisco entrou nos Satyros uns quatro anos atrás. Foi um encontro de almas. Ele veio trabalhar em nosso projeto com o Palacete dos Artistas e, imediatamente, o convidamos para participar de um outro processo e, quase instantaneamente, se tornou um Satyro.
Elegante, amoroso, talentoso, discreto e apaixonado pelo seu ofício. Uma memória ambulante do teatro de São Paulo. Participou de trabalhos históricos, como “O Balcão”, de Victor García; e “Macunaíma”, de Antunes Filho.
Nunca o vi falando mal de nenhum artista. Nunca vi Roberto reclamar da sua doença. Nunca vi ele desmerecer ninguém. Nunca vi ele reclamar de uma cena ou proposta. Dialogava com todos os artistas dos Satyros sem arrogância, por mais que tivesse uma biografia incrível. Sempre disponível e gentil. Nunca usou da sua idade para manipular ou exercer poder sobre os mais jovens.
Nos últimos ensaios, queixava-se muito delicadamente de suas dores e limitações. Não se vitimizava. Um exemplo pra mim. Uma perda. Uma dor no coração. Uma honra ter tido você como parceiro. Roberto, você vai fazer muita falta.