A poesia de Leonard Cohen para iluminar novos tempos

Leonard Cohen foi um dos maiores cantores e compositores do planeta. Multifacetado, vou refazer a frase. Leonard Cohen – cantor, compositor, poeta e escritor – foi dos maiores artistas do planeta. Acho que seria mais justo assim porque o homem escreveu muita coisa. Romances, inclusive. Dois: “A brincadeira favorita” (1963) e “Belos vencidos” (1966), além de mais de uma dezena de livros de poesias.

Morreu em 2016, ironicamente no ano em que Bob Dylan ganhou o Nobel de Literatura. Para ser exato, um mês depois. Lembro disso porque foi a primeira vez que o Nobel reconheceu um poeta da música e, na época, houve muita especulação sobre quem de fato deveria ter levado o prêmio. Eu, inclusive, achava que o galardão deveria ter sido concedido a Cohen.

Especulações à parte, o que interessa dessa história é que Leonard Cohen escreveu muita coisa legal. Dos dois romances, apenas “A brincadeira favorita” foi lançada no Brasil, pela Cosac Naify, em 2012. “Belos vencidos” foi editado pela portuguesa Relógio d’Água. E me lembro do impacto dessas leituras. Dois grandes livros. Curioso é que Cohen só escreveu estes dois romances. E ambos antes de se lançar como cantor, em 1966.

“A brincadeira favorita” conta a história de Lawrence Breavman, uma espécie de alter ego do autor, num exercício de autoficção. Como Cohen, Lawrence é judeu, músico e nasceu em Montreal, no Canadá.

“Belos vencidos” é um livro complexo e radical, repleto de misticismo, sexo e drogas. Narra um triângulo amoroso entre um homem e duas mulheres. Cohen escreveu este livro na Grécia, consumindo anfetaminas e drogas, jejuando por um longo período, para testar sua criatividade. O livro, considerado obra importante, marca o pós-modernismo na literatura canadense.

Mas eu vim aqui para falar de dois livros que andei lendo nos últimos dias, “Poemas e Canções I” e “Poemas e Canções II”, ambos de Cohen, lançados pela Relógio d’Água, de Portugal.

Estes dois tomos formam a mais vasta antologia de Cohen publicada até hoje. Suas organizações, inclusive, contaram com o próprio autor, trazendo, também, poemas inéditos, além de textos importantes de sua produção lírica e musical.

Os livros, bilíngues, conduzem a uma viagem extraordinária, sempre através do amor ou da decepção amorosa; da beleza e, em certa medida, do misticismo – aliás, um ponto importante na vida do autor que foi budista e, no auge de sua carreira, abandonou tudo para viver em um templo por longos anos.

Outro tema bastante recorrente na obra de Cohen é o sexo. Seja através da sensualidade sempre expressa em seus registros fonográficos; da vertente espiritual onde o sexo pode ser elevação, ou de seu aspecto dionisíaco e visceral.

 

Poemas e Canções I
Clique aqui para conhecer as primeiras páginas
Leonard Cohen
Tradução: Manuel Alberto e Margarida Vale de Gato
Editora Relógio d’Água

Poemas e Canções II
Leonard Cohen
Tradução: Inês Dias
Editora Relógio d’Água

Ator, roteirista e cineasta. Co-fundador da Cia. Os Satyros e diretor executivo da SP Escola de Teatro.
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