O filme “Coringa” é um sucesso gigantesco e inesperado, de uma certa forma. É a maior bilheteria de um filme para adultos na história do cinema, cujo protagonista é um vilão de história em quadrinhos. Sem grandes investimentos em efeitos, ele se baseia simplesmente em um roteiro inteligente e um ator genial.
O filme é altamente provocador, com momentos brilhantes, um roteiro sacado e alguns furos e opções frágeis. Mas Joaquin Phoenix paira soberano, um mestre em sua arte.
Eu pude identificar quatro registros de interpretação da personagem para cada momento do filme, cada um com suas características vocais e corporais, suas intensidades e questões.
E o que dizer dos quatro tipos de risadas que ele criou? A risada da doença, a risada natural, a risada que pede aprovação e a risada do Coringa. Foi um estudo profundo, minucioso, cheio de detalhes e sentidos. Um trabalho de ator histórico, como raras vezes vi no cinema. A ser lembrado no futuro, com certeza.
* Rodolfo García Vázquez é diretor de cinema e teatro, dramaturgo e um dos fundadores da Cia. de Teatro Os Satyros e da SP Escola de Teatro