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Eu e os 200 primeiros aprendizes da SP Escola de Teatro: Mestre e aprendiz necessitam trabalhar em um mesmo nível de diálogo

20 DE FEVEREIRO DE 2010, UM SÁBADO

Naquele dia, pontualmente às 9h da manhã, demos início a um dos projetos de formação mais ousados que o teatro brasileiro conheceu. Recebemos os 200 primeiros aprendizes dos cursos regulares da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco.

A recepção foi em clima de celebração. Tivemos uma aula inaugural com o Zé Celso que  reforçou a proposta pedagógica da Escola, reafirmando que “mestre e aprendiz necessitam trabalhar em um mesmo nível de diálogo”.

Na ocasião, Zé também enfatizou que “quando o ator chega a uma certa maturidade, ele quer passar o que ele sabe e receber daquele que não sabe. Porque a juventude tem a sabedoria do tempo”.

Neste dia, nossos artistas aprendizes prepararam seus próprios pães. O objetivo foi, além de reforçar o lado espiritual do fazer teatral, introduzir a ideia do trabalho comunitário. Porque, desde o início, a vocação do projeto da SP Escola de Teatro foi coletiva e envolveu profissionais de diferentes grupos teatrais. Surgiu com a principal preocupação de manter a excelência da formação teatral, sem os vícios comuns da educação no Brasil.

Pensamos, assim, em um projeto vivo, sistêmico, em que as diversas áreas do teatro pudessem trabalhar em conjunto, reciclando boas ideias o tempo todo.

Naquele dia, o Alberto Guzik – que havia sonhado o projeto conosco, que não conheceu os rostos destes primeiros aprendizes e que era, naquele momento, o nosso diretor pedagógico , estava internado no Hospital Santa Helena, lutando bravamente pela vida.  E tínhamos tanto, mas tantos planos…

Dois anos depois e o Alberto não está mais conosco. E tantas mudanças! Mas tantas realizações também. E, daqui a pouco, quando acordar para mais uma terça-feira, tudo estará, novamente, em mutação. Esperam por nós, na SP Escola de Teatro, outras 200 apreensões. Então, a vida se reforçará em novas quimeras e eu estarei, outra vez, mais forte, pronto pra enfrentar o mundo. E, novamente, prestes a acreditar que a vida, afinal, pode ser apenas isso mesmo: um sonho. Não mais do que isso: um sonho, tão somente um sonho!

Ator, roteirista e cineasta. Co-fundador da Cia. Os Satyros e diretor executivo da SP Escola de Teatro.
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