Você precisa conhecer Thalles, um dos melhores músicos do Brasil, mas que canta em inglês

Conheci o Thalles quando ele surgiu nacionalmente como ator na telenovela “Amor à Vida”, de Walcyr Carrasco, em 2013. Assinava Thalles Cabral e, por isso, me chamou mais atenção. Pouco tempo depois, o vi em trabalhos no teatro, inclusive no Satyros, participando das Satyrianas, o nosso festival anual que saúda a primavera. Thalles, que é gaúcho mas criado em Curitiba, é muito jovem, tem hoje 25 anos.

Em 2017, porém, o conheci como músico, através do single “You, the Ocean and Me”, lançado nas plataformas digitais. Havia eliminado o Cabral do nome. Imediatamente a canção grudou nos meus ouvidos e ficou rodando em todos os meus aparelhos de som: do meu carro, do meu quarto, do meu trabalho. Me lembro que no final deste ano o Spotify fez uma relação das músicas que eu mais tinha ouvido no aplicativo e “You, the Ocean and Me” apareceu em primeiro lugar.

Neste mesmo 2017, Thalles apareceu com o excelente “Utopia”, álbum com 11 faixas, que elegi um dos top 10 daquele ano.  O disco, que fala de amor – e talvez pela formação de Thalles em teatro e cinema –, é todo construído a partir de uma dramaturgia muito sólida, dividido em atos, que tem o mar como protagonista, com personagens e climas que vão da melancolia à ternura, com inspirações no inddie, blues e no folk e rock entristecidos.  

Thalles canta em inglês, com um acento perfeito, mal dando pistas de que é brasileiro, em voz grave e melancólica. Sua interpretação, embora muitas vezes comparada a Lana Del Rey, pelo clima dark de suas composições (sim, ele assina todas as canções de sua discografia), ora lembra sonoridades de Eliott Smith, ora de Frankie Cosmos, ou até de Cat Power; e flerta com bandas como Arcade Fire, The Saxophones, Cigarettes After Sex ou Fox Academy. 

Seu último lançamento é o single “Crying On The Phone”, o sexto lançamento do projeto “12 X single”, que vai trazer uma nova canção por mês ao longo de um ano, e que já apresentou “The Truman Show”, “It’s a New Year and We’ve Never Been so Old”, “Katie Don’t Be Depressed”, “Olivia” e “O Rio que Amava o Mar (The Fall)”, a única canção em português de seu repertório.

Prestem atenção no garoto. Pela qualidade e velocidade de sua produção – tem feito bastante teatro e cinema, também – é provável que alcance voos muito altos. Talento e disposição  pra isso, Thalles vem demostrando que tem de sobra.

Assista aqui ao clip de “Just When We Were High”

Ator, roteirista e cineasta. Co-fundador da Cia. Os Satyros e diretor executivo da SP Escola de Teatro.
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