São Paulo é, seguramente, uma das capitais mais antenadas do planeta. Aqui, você encontra o mundo. Principalmente quando falamos de arte. Um exemplo é a galeria Transarte, especializada em arte queer, totalmente financiada pelas artistas Maria Helena Peres e Maria Bonomi, que existe desde 2013, e não para de nos surpreender.
Dentre as várias ações políticas da galeria, está a posição de trabalharem sempre sem o uso de leis de incentivo, com recursos próprios e sem fins lucrativos.
Desta vez, a Transarte apresenta a exposição “Sempre Gay”, com artistas do Ceará, Minas Gerais, Goiânia e Rio de Janeiro.
A exposição – que tem sua inauguração no dia 23 de outubro para convidados – estará aberta ao público no período de 24 de outubro a 14 de dezembro, e abarca apoio à produção de obras inéditas de quatro artistas: Bia Leite, Eduardo Mafea, Liz Under e Pedro Stephan.
Cada vez mais, a metrópole paulistana reforça sua vocação de boa anfitriã para artistas de várias regiões e países, oriundos de diferentes contextos socioculturais, sedimentando a sua condição de território cosmopolita, aberto ao multiculturalismo, às discussões identitárias contemporâneas e às mais diversas vanguardas artísticas, que se expandem aqui com velocidade surpreendente.
Artistas:
Bia Leite, é autora da obra “Criança Viada”, lançada no Edital Transarte LGBTQ, em 2015, e censurada na exposição do Santander Cultural, em Porto Alegre, em 2018. Para a exposição “Sempre Gay” na Transarte, Bia criou a série “NAOPARANAO”, um conjunto de três pinturas figurativas 70x70cm, com referências do universo pop. Os títulos são uma homenagem ao trabalho de Pablo Vittar, que tem um álbum homônimo. As narrativas são ativadas a partir do diálogo das imagens com o texto, que vêm das composições do álbum de Pabllo. Bia nasceu em Fortaleza em 1990, tem Bacharel em Arte Plásticas pela UnB, e seus temas abordados são a violência, o cotidiano, e o afeto da família LGBTq+.
Eduardo Mafea estreia na Transarte com imagens que sugerem uma narrativa sobre intersecções entre o futebol e a vivência LGBTQ, especificamente a vivência do homem gay. Segundo Mafea, “quando nascemos já somos empurrados ao futebol culturalmente, e o esporte, paixão nacional e símbolo de masculinidade tóxica, se faz um instrumento de violência contra corpos e sexualidades que destoam da heteronormatividade”. As telas criam narrativas que circundam e flexionam as regras e lógicas do futebol com a vivencia do homem gay.
Liz Under é uma multiartista autodidata nascida em Araraquara-SP. Através da simplicidade de traços, utilização de cores puras chapadas, Liz produz sua “arte-vadia”. Estabelece sua narrativa, um tanto biográfica, povoada de musas rebeladas, “cansadas dos emparedamentos em museus e do estereótipo construído para deleite do imaginário masculino”, segundo ela. Artista peculiar nos seus 23 anos de existência, tem produções que vão desde a pintura, a gravura, a fotografia, ao muralismo, o stencil e lambe-lambe. Na exposição da Transarte apresentaremos um carvão, duas litogravuras e três fotografias.
Pedro Stephan é fotógrafo e jornalista. Militante do Movimento Homossexual Brasileiro, criou o primeiro panfleto antiviolência homofóbica do Estado do Rio de Janeiro, nos idos de 1997. Defendeu sua tese de mestrado, a primeira tese sobre a violência homofóbica no Rio, na ECO da UFRJ em 1998. Contribuiu como fotógrafo para importantes trabalhos institucionais como os cartazes da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo de 2004 e criou as imagens da Campanha de Prevenção à AIDS, organizada pelo Grupo militante Arco-Íris e patrocinada pelo Ministério da Saúde e pela UNESCO.
Serviço:Transarte Rua Mourato Coelho 1271Horário: quinta a sexta das 14h às 19h, Sábados das 14 às 18hTelefone: 11 3142-9975
* Em destaque, foto de obra do artista Pedro Stephan