TEATRO l Da realidade ao simulacro

“F.E.T.O. – Estudos de Doroteia Nua Descendo a Escada”, o mais recente trabalho de Gerald Thomas, traz a iluminação mais incrível que eu já vi no teatro. A peça é, também e em sua totalidade, de uma beleza estonteante. Gerald, neste trabalho, mostra o seu lado mais cínico, uma de suas facetas que eu mais admiro, trabalhando o tempo todo entre o lírico/operístico em contraposição à realidade/simulacro.

Gerald Thomas é mesmo um gigante em plena forma, inspirando discussões, apontando para caminhos sempre inusitados, nos jogando o tempo todo num labirinto onde a metalinguagem pode ser uma das chaves. Nela, sua encenação prende a vida em uma obra de arte. Desta maneira, a “Roda de Bicicleta”, de Duchamp, nada mais é do que uma roda de bicicleta, tão somente.

Há, também, um sofisticado jogo com “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll, onde, através de “Doroteia” de Nelson Rodrigues – o ponto de partida da encenação –, nos vemos todos, elenco e espectadores, presos a um inconsciente lacaniano. Porque é do território das linguagens que vêm as questões contemporâneas mais importantes.

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