por Majô Levenstein
E hoje, 25 de janeiro de 2013, a cidade de São Paulo completa 459 anos de sua fundação. Para render uma homenagem à capital paulista, a SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco acha redundante falar que a metrópole paulista abriga um mundo dentro de seus limites, tão ilimitados. Assim, optamos por prestar-lhe um tributo por meio dos dramaturgos que conseguiram levar ao papel algumas de suas inúmeras facetas:
Abrigo de povos de todas as partes do globo, a cidade aprendeu a incorporar culturas, sem perder sua própria personalidade. Não é “maria-vai-com-as-outras”. Seu gênio é forte. Tão forte, que inspirou a dramaturgia de autores como Gianfrancesco Guarnieri, com seu “Eles Não Usam Black Tie”, de 1958, focado sobre a dura realidade dos operários de baixa renda, força motriz da capital paulista. A peça foi encenada no palco do Teatro de Arena, celeiro de outros dramaturgos, como Oduvaldo Vianna Filho e Chico de Assis.
Um pouco antes de Gianfrancesco Guarnieri conceber “Eles Não Usam Black Tie”, Jorge Andrade também se inspirava na vida paulistana para colocar, em 1954, o ponto final em “A Moratória”, peça que retratava a ruína de uma família proprietária de cafezais no interior do estado de São Paulo, em decorrência da crise financeira e da produção cafeeira, por volta dos anos de trânsito da década de 1920 para a de 1930.
A década de 1960 inicia-se com a efervescência de uma geração jovem e ávida por retratar, nos palcos, o momento histórico de rebeldia e não-conformismo que agitava o mundo. Foi nesta época que um santista de sangue paulistano apresenta a força de seu texto com a peça “Dois Perdidos Numa Noite Suja”. O autor em questão é Plínio Marcos.
Nos anos 1970, São Paulo vê surgir uma geração de mulheres dramaturgas, como Leilah Assumpção, Consuelo de Castro eMaria Adelaide Amaral. Pelo lado masculino, tem-se João das Neves e Antônio Bivar. Já no início da década de 1980, São Paulo é retratada pela dramaturgia de Luís Alberto de Abreu, na peça “Bella Ciao”, sobre a vida de uma família de anarquistas italianos, suas lutas políticas e o passado histórico brasileiro. Aliás, foi Abreu quem dirigiu o Grupo dos Dez, que trouxe à cena dramaturgos como Mário Viana, Antonio Rocco, Marici Salomão (coordenadora do curso de Dramaturgia da SP Escola de Teatro), nos anos 90, época em que Bosco Brasil escreveu “Budro”, direção de Emilio Di Biasi, sobre a vida da juventude classe média na São Paulo do final do milênio.
Os dramaturgos da década de 90 partem para a ação, muitas vezes montando e atuando em seus textos, como é o caso de Mário Bortolotto, também, diretor e ator paranaense que desponta na cena teatral paulistana com seu grupo Cemitério de Automóveis, depois de dez anos de trabalho em seu estado de origem. Foi neste período que Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez uniram esforços para fundar a Cia. de Teatro Os Satyros. Com sede na Praça Roosevelt, o grupo retratou (e ainda continua a fazê-lo) a cidade como poucos. Em cena, a história de travestis, prostitutas, drogados, enfim, personagens que habitavam a Praça Roosevelt à época. Neste período também surgem dramaturgos como Samir Yazbek, Aimar Labaki, Fernando Bonassi, entre outros.
E nos anos 2000 muitos novos autores chegam à cena: Newton Moreno, Sérgio Roveri e autores jovens que levam seus textos e retratam, de alguma forma, a cidade, como João Fabio Cabral, Fabio Torres, Marcos Gomes, Leonardo Cortez, Lucas Arantes, entre tantos outros.
Assim, pedimos licença para unirmos nossas vozes a desses autores e desejar: Feliz Aniversário, São Paulo!
Fonte: SP Escola de Teatro, 25 de janeiro de 2013