Exatos seis anos atrás, esta era a minha paisagem.
Uma janela do setor de medicina nuclear do hospital Albert Einstein, quando enfrentei um tratamento de radioiodoterapia para frear um processo de metástase, após a descoberta de um câncer na tireoide.
Meu corpo foi tomado pelo isótopo 131 do iodo, que é um átomo emissor de partículas beta para o tratamento de tumores da glândula tireóide e suas metastases; e, após o tratamento, eu, radioativo, saí apitando em todas as portas magnéticas por onde passei.
Um dos momentos mais tristes (e dolorosos) da minha vida inteirinha.
Passei o ano passado todo falando desta janela, em “Todos os Sonhos do Mundo”.
Apesar da dor, do horror, e da solidão, eu não quero esquecer esta paisagem.
Sou um vencedor e isso, hoje, me basta!